18 dezembro 2008

ano novo...

Por ter decidido afogar um par de mágoas recentes, fui ao meu bar preferido.
Nesse local, que compartilhei já com uma parte importante das minhas pessoas preferidas, e na ausência das caras que me são familiares e que me acompanham naquelas conversas banais e de ocasião, dei por mim a meditar sobre considerações que teci com uma das minhas referidas companhias preferidas. E, sem que o tivesse programado, dei por mim a fazer uma retrospectiva do passado mais recente e a fazer uma lista mental das minhas new year's resolutions.
Com a ajuda de um jovem escocês, dei por mim a tentar finalizar um conjunto de medidas que têm vindo a ser delineadas ao longo dos últimos dias. Não sei se estão finalizadas, não sei se são as resoluções mais acertadas, não sei durante quanto tempo as conseguirei manter, mas julgo estar no bom caminho, com a prioridade plenamente definida: eu!

17 dezembro 2008


all along

11 dezembro 2008

nehmen Sie das Mädchen

Fazemos, acontecemos. Escolhemos. As consequências são nossas.
Tememos o julgamento alheio, de terceiros mais ou menos próximos, das consequências que possam ter em nós; da ansiedade que provocam, do desconforto que geram; da culpa que induzem. Porque tememos que nos acusem, dizendo "o que foi me fizeste? como queres que eu consiga viver com isso?", quando a pergunta, a existir, deveria ser "o que foi que te fizeste? como te posso ajudar a viver com isso?".
Talvez por isso seja confortável a companhia de quem não julga, a tranquilidade proporcionada pelo silêncio; pela tolerância ao silêncio. Ou, a existir, a pergunta certa. Talvez por isso não tememos quem nos tolera o que "nos fazemos", o que "nos acontecemos"; o que somos.
Porque o único julgamento que verdadeiramente conta é aquele que nos fazemos. As consequências são só nossas.

09 dezembro 2008

Nada de novo a Oriente.
Nada que me oriente, pelo menos.

04 dezembro 2008

sentidos

Dos seis que existem, aquele que é imaterial continua a ser o que maior desconforto me provoca. Talvez por ser o mais fiel.
E eu, mesmo não tendo sempre razão, raramente me engano.

the hardest part?

Ele imaginou alcançar-lhe o rosto com a mão, fazendo-lhe uma pequena mas sentida carícia, enquanto esboçava um sorriso de tristeza: era um momento que ele tinha antecipado, ele sabia que, mais cedo que tarde, a Ana teria que passar por aquele processo. "E eu também... essa é que é a merda toda". Um arrepio atravessou-lhe o pescoço: era medo. Um medo enorme de ter acabado de a perder.
Mas o medo não era um exclusivo dele; aliás, ela, no meio de toda aquela energia e por detrás da autonomia aparentes, era uma pessoa imensamente dependente. E tinha pavor à mudança, tudo o que pudesse alterar o status-quo causava-lhe um enorme medo.
Medo que faria com que ela, por não querer assumir um risco, iria correr um outro... talvez muito maior.

Haveria outro modo?
Por mais que ele recusasse, teria que aceitar que aquele era o desfecho lógico, racional; por mais que ele não gostasse, aquela era a conclusão correcta, a decisão que ele mesmo recomendaria à sua melhor amiga - e ele era, acima de tudo, muito amigo dela. Por mais que doesse, era assim que estava certo. Seja lá o que for, isso de estar certo...
Mesmo estando à espera daquele momento, mesmo tendo-o antecipado milhares de vezes, a verdade é que ele não estava devidamente preparado para tomar consciência da realidade, para entender que a verdade (a que não existe...) era mesmo aquela.
Porque aquela não era a verdade; ou, a ser, era apenas a conveniente.
A verdade? Ele conhecia-a - ou melhor, eles conheciam-na: tinham-na visto nos olhos um do outro, numa daquelas tantas poucas vezes, num daqueles imensos curtos momentos em que tinham tido aquele quase tudo. Tinham-na visto, tinham-na ouvido, cheirado, sentido, tocado, verde no castanho, castanho no verde...
Era essa a verdade.

Ela tinha que o deixar ir.
Ele não queria ir, não queria cometer mais um erro, numa vida cheia deles.

"Se ao menos as coisas pudessem ser diferentes..."
Mas não eram.



Mas não são.

this time...

... I have this feeling

02 dezembro 2008

O aquecimento global é um mito.

the hardest part?

Is yet to come.

01 dezembro 2008

Tenho a tendência para pensar muito. Demasiado.
Esta característica (ou defeito, depende da perspectiva) faz com que imagine demasiados cenários, que leia e veja coisas onde elas eventualmente não existem: não tanto por as desejar, mas quase sempre por as recear, já que não são castelos o que geralmente construo no ar, são mais masmorras, onde bloqueio o pensamento.
Call me Mr. No-one...

restauração - errata

Restauração:
acto ou efeito de restaurar; renovação; conserto;
restabelecimento de uma dinastia real.

restauração

A Restauração da Independência é a designação dada à revolta contra a tentativa de anulação da independência por parte de uma força invasora.
É comemorada anualmente no dia 1 de Dezembro.

bola de cristal

Ainda que, racionalmente, as tentativas de negação prossigam e se constate a emissão de mensagens dissuasoras, as evidências são demasiadas para que se possa descartar a possibilidade da ocorrência de alterações ao panorama actual; pelo contrário, no momento presente, a manutenção do status-quo é o cenário menos provável.
No entanto, a história já está escrita, e não obstante uma ou outra oscilação no enredo, o final está já definido. Apenas acontecimentos estatisticamente improváveis, com impacto significativo na realidade económica terão a capacidade de forçar a escrita de um novo desfecho.
Enquanto tal não ocorrer, nada mais a fazer que esperar. Sem ficar à espera.
A man's got to do what a man's got to do.

29 novembro 2008

bonito, bonito...

bonito
de bom
adj.,
agradável à vista; lindo; de bom aspecto; bom, nobre;
irón.,
censurável, disparatado;
s. m.,
qualquer brinquedo; espécie de atum.

giro
do Lat. gyru
...
adj., gír.,
bonito, catita.

26 novembro 2008

subliminar

  1. Escolher o espaço em branco (vazio: neste caso até nem é nada branco...) imediatamente abaixo do texto;
  2. Colocar essa zona do ecran em negativo - marcando a zona com o rato;
  3. Pronto!

almoços grátis

Numa recente conversa sobre o assunto (penso que terá sido mesmo durante um almoço... e não me recordo de quem pagou a conta...), discordava sobre a possibilidade da não existência de tais ocorrências, afirmando existirem situações em que os almoços são efectivamente à borla. Numa meditação mais profunda - ou, pelo menos, mais prolongada e solitária, concluo ter que concordar com quem discordava de mim.
Na verdade, a tal que não existe, e corroborando plenamente a minha elaborada e assumidamente discutível teoria sobre o egoísmo, não existe uma acção - uma que seja - que não espere uma reacção, que não tenha como objectivo ulterior a recolha de um qualquer benefício. Mesmo em situações que contenham uma marcada carga habitualmente denominada de altruísta e desinteressada, existe, se não o objectivo consciente, a esperança inconsciente do benefício consequente.

Sim, é verdade: eu espero. De forma totalmente egoísta.
E será esse o dia em que eu sentirei na pele de que me serviu.

24 novembro 2008

blindness (encore)

A minha.



Em ficar com este contentamento descontente, neste estar preso por vontade.

19 novembro 2008

blindness

Numa história estranha, em cenários estranhos (Brasil e Canadá não são parecidos...), as liberdades da adaptação não me pareceram comprometer de algum modo a essência de um texto difícil de ler - nem que seja pela densidade da pontuação... Suficientemente gráfico.
Talvez pela primeira uma versão de película seja tão boa quanto a de papel.
Recomendo.

18 novembro 2008

never say never




Lightning strikes twice...

15 novembro 2008

tgi friday

13 novembro 2008

pela estrada de Sintra

- Que cara!
- Tu sabes que eu tenho esta cara... mas não te preocupes, esta cara não significa que estou zangado, quer dizer apenas que estou a pensar... com força.
...
Essa impressão que te dou, essa de te sentires uma criança? Não é infantil que te sentes, a origem dessa sensação é outra: eu deixo-te ser, é tão simples quanto isso.
Eu deixo-te ser o que nunca foste. E tu és.
Nunca foste porque nunca tiveste coragem de ser, sempre te terás assustado no momento em que podias ser. E, no único momento em que decidiste ser, não o foste por querer mas apenas porque assim decidiste, estava na hora e o tempo passava depressa e tiveste medo de o perder. Ao tempo. Decidiste não por ser certo, mas por não ser errado; nem decidiste por quereres decidir, mas antes por quereres não deixar de decidir.
E não, não te posso recriminiar, não posso reclamar, eu nem sequer te facilitei a vida pegando no telefone, não quis entender as tuas palavras escritas e explícitas... ou não consegui entender. Ou por não conseguir acreditar - não por não em ti, ou nas tuas palavras: por não acreditar em mim.
- De que adianta agora?
- De nada... Agora, temos que ir para Lisboa, mesmo querendo voltar para Sintra.





(*)
Ao volante pela estrada de Sintra,
Sem luar mas ao sonho, na estrada que nunca é deserta,
Guio depresa, mas quase devagar, e um pouco
Me parece, ou me forço um pouco para que me pareça,
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,
Que sigo sem haver Sintra deixada ou Lisboa a que ir ter,
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?

Passei a tarde em Sintra por não poder passá-la em Lisboa,
Mas, antes de chegar a Lisboa , terei pena de não ter ficado em Sintra.
Sempre esta inquietação sem propósito, sem consequência,
Sempre, sempre, sempre,
Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida...

Na estrada de Sintra, cada vez mais longe de Sintra,
Na estrada de Sintra, cada vez mais perto de ti...

* Inspirado no original

12 novembro 2008

Something that feels this good can't be a bad thing.

11 novembro 2008

chuva

A chuva quase que tinha posto cobro às deslocações em duas rodas, mas dias sucessivos de Sol provocaram uma mudança de planos e nem o frio afectava a decisão de usar a moto nas deslocações diárias.
A meio da tarde de hoje caíram umas gotas, que tornaram possível uma manobra de slide como a representada na foto (por F. Lheritier); no entanto, e ao contrário do manifesto carácter intencional com que o condutor fotografado conseguiu colocar a roda traseira fora de trajectória, a minha manobra foi totalmente involuntária e seguida de um significativo aumento do ritmo cardíaco. Para os demais condutores, para aqueles que assistiram, claro (acho que quem conduzia o carro preto que vinha mesmo atrás de mim nem de tal se apercebeu), não foi mais que uma gratuita demonstração de perícia.
Amanhã vou de carro...

10 novembro 2008

coisas bonitas

The ones that make my day.
E apenas em 5 minutos.

07 novembro 2008

:-)

06 novembro 2008

vaidade

Ao reler algumas das coisas que tenho vindo a escrever, das mais às menos antigas, recordo a origem daquelas que mais gosto: pessoas e momentos.

03 novembro 2008

a verdade?

Continua a não existir. Tal como as coisas mais verdadeiras.
Talvez seja melhor assim.

30 outubro 2008

razão

do Lat. ratione

s. f.,
- modo de pensar próprio ao Homem;
- faculdade de raciocinar ou de estabelecer conceitos e proposições de modo discursivo (não intuitivo), segundo as regras lógicas do raciocínio;
- faculdade dos princípios;
- faculdade de distinguir o verdadeiro do falso, o bem do mal;
- bom senso;
- justiça;
- dever;
- rectidão de espírito;
- prova por argumento;
- causa;
- motivo;
- ideia justificativa;
- percentagem;
- taxa de juros;

Agora... quem é que a tem sempre?

Um dia, a dança de cardinais terá fim.

28 outubro 2008

sweet spot

A questão nem é tanto encontrá-lo, é bem mais complicado tomar consciência de que estamos perante tal fenómeno. Uma vez assimilada e ultrapassada esta questão, podemos então ir até lá e tocar-lhe, as vezes que entendermos, irá sempre funcionar (ou, pelo menos, até um dia), iremos sempre obter a reacção desejada.
Todos os temos, todos temos a capacidade para os encontrar e todos os estimulamos, com ou sem a consciência de que o estamos efectivamente a fazer, mas sempre com intenção - mas nem sempre com a melhor delas. Talvez seja esse mesmo o segredo.

24 outubro 2008

desta outra água...

Aos sábados, ele sentava-se na mesa do canto, pedia a empada e a coca-cola "de garrafa, tem menos gás que a de lata", comia lentamente e em silêncio, sempre com aquela cara triste - seria zangada? -, sem um sorriso, sem uma expressão, sequer. Raramente vinha acompanhado e menos vezes ainda repetia a companhia, eram quase sempre caras novas as que ele dava a conhecer ao pessoal do café, aquelas sorridentes e bem dispostas raparigas, de cuja disposição ele desconfiava num praticamente inaudível "que foi que eu disse? por que se riem de mim?", pergunta que invariavelmente era respondida com um divertido "não é nada!".
Ao longo dos anos em que esta rotina se repetia, contaram-se pelos dedos das mãos os sorrisos que elas viram na cara dele; eram sorrisos radiosos e encantadores, e, afinal, no Luís, "o do carro azul", como tantas vezes lhe chamavam, parecia subsistir uma réstia de esperança e de alegria - ninguém podia estar assim tão zangado com a vida...
Naquela tarde de Outono entrou uma vez mais na porta, com o habitual "olá, boa tarde" em tom assustador, mais que cordial. Quebrou a regra e pediu um café e um pastel de nata, "um daqueles mais bronzeados", sentou-se na mesa mesmo à frente do balcão, a dele estava ocupada por um casal de sexagenários que tomavam conta da neta, uma irritante criança com uns 7 anos, dois laçarotes no cabelo a mais e pelos menos uma meia dúzia de palmadas a menos, a quem o Luís lançava uns frequentes e eficazes olhares de reprovação: ele sabia que conseguia assustar - nem que fosse apenas uma criança.
Do outro lado do balcão vinha o habitual sussurro da coscuvilhice, os comentários entre dentes e os risos inconvenientes - que só a ele podiam ser dirigidos. Hoje, falava-se das regras quebradas: do pastel de nata e do café em vez da "cola, de garrafa", que tinha menos gás que a de lata e da mesa que não era a mesma, mais perto delas, facto que as obrigava a comentar mais baixo. O quebrar da terceira regra calou-lhes os risos e os comentários: as lágrimas não paravam de correr pela face do Luís.

23 outubro 2008

obrigado




"Não penses demasiado no futuro. Podes esquecer-te do presente."

chuva


e acabou-se toda a diversão em duas rodas.

22 outubro 2008

strange days

Today, more than in any other ordinary day.

Porque mesmo quando os dias são normais, o tempo nunca é o suficiente, escapa-se-nos por entre os dedos.
Porque quando, como hoje, os dias não são normais, o tempo nunca é o suficiente, escapa-se-me por entre os dedos; porque mesmo que esteja sempre que posso, sempre que podes e me deixas, porque mesmo que tenha tudo anotado, aqui mesmo, na ponta da língua, tudo o que tenho para te dizer, tudo o que te quero contar, todas as perguntas que tenho para te fazer, que recapitulo naqueles poucos minutos que demoro a ir ter contigo... o tempo esgotou-se, acabou, e dou por mim a pensar por que não perguntei, por que não falei, por que não disse e não consegui ouvir, a pensar se aquilo em que gastámos o tempo era de facto o mais importante ou se apenas urgente.

Será que um dia os dias serão normais?
Um dia... antes que o tempo se esgote?

21 outubro 2008

(ainda) do outro lado

Foi uma curta semana, passada com sono e moderação no uso das fichas e das moedas.

Mas não é necessário que as emoções sejam fortes ou glamorosas para que valham a pena recordar: no Peggy Sue, um diner literalmente no meio de lado nenhum, no deserto do Mojave, que replicava fielmente os anos 50, carregado de memorabilia da época (i.e., Elvis à exaustão e James Dean aqui e ali), a Marni serviu-me o maior hamburger que alguma vez vi na vida - talvez o primeiro que eu tenha falhado em comer até ao fim, seguido de uma deliciosa tarde de maçã com gelado de baunilha - desta, não sobrou migalha.
Com uma cara destas e um sorriso just for you guys, como poderíamos deixar de trazer esta recordação da época?

do outro lado

Em rigor, o outro lado daquele outro lado.
Este outro lado é fundamentalmente deserto, apesar do enorme volume de trânsito que parece não parar. Ainda assim, há alguns espaços vazios... muito vazios...


Norte do Arizona







E, para quem não acreditava, aqui é possível ver a torre Eiffel e a estátua da Liberdade no mesmo dia - ou melhor, na mesma rua e ao mesmo tempo (apesar de as fotos o não provarem...)


17 outubro 2008

um dia...

Almost paradise...

16 outubro 2008

every word i said

14 outubro 2008

Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,
Ao luar e ao sonho, na estrada deserta,
Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco
Me parece, ou me forço um pouco para que me pareça,
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,
Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter,
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?

Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa,
Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.
Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem consequência,
Sempre, sempre, sempre,
Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida...

Maleável aos meus movimentos subconscientes do volante,
Galga sob mim comigo o automóvel que me emprestaram.
Sorrio do símbolo, ao pensar nele, e ao virar à direita.
Em quantas coisas que me emprestaram eu sigo no mundo!
Quantas coisas que me emprestaram guio como minhas!
Quanto que me emprestaram, ai de mim!, eu próprio sou!

À esquerda o casebre — sim, o casebre — à beira da estrada.
À direita o campo aberto, com a lua ao longe.
O automóvel, que parecia há pouco dar-me liberdade,
É agora uma coisa onde estou fechado,
Que só posso conduzir se nele estiver fechado,
Que só domino se me incluir nele, se ele me incluir a mim.

À esquerda lá para trás o casebre modesto, mais que modesto.
A vida ali deve ser feliz, só porque não é a minha.
Se alguém me viu da janela do casebre, sonhará: Aquele é que é feliz.
Talvez à criança espreitando pelos vidros da janela do andar que está em cima.
Fiquei (com o automóvel emprestado) como um sonho, uma fada real.
Talvez à rapariga que olhou, ouvindo o motor, pela janela da cozinha
No pavimento térreo,
Sou qualquer coisa do príncipe de todo o coração de rapariga,
E ela me olhará de esguelha, pelos vidros, até à curva em que me perdi.
Deixarei sonhos atrás de mim, ou é o automóvel que os deixa?

Eu, guiador do automóvel emprestado, ou o automóvel emprestado que eu guio?

Na estrada de Sintra ao luar, na tristeza, ante os campos e a noite,
Guiando o Chevrolet emprestado desconsoladamente,
Perco-me na estrada futura, sumo-me na distância que alcanço,
E, num desejo terrível, súbito, violento, inconcebível,
Acelero...
Mas o meu coração ficou no monte de pedras, de que me desviei ao vê-lo sem vê-lo,
À porta do casebre,
O meu coração vazio,
O meu coração insatisfeito,
O meu coração mais humano do que eu, mais exacto que a vida.

Na estrada de Sintra, perto da meia-noite, ao luar, ao volante,
Na estrada de Sintra, que cansaço da própria imaginação,
Na estrada de Sintra, cada vez mais perto de Sintra,
Na estrada de Sintra, cada vez menos perto de mim...


Álvaro de Campos
11/5/1928

malas à porta

Hoje tive as malas à porta. As minhas malas à minha porta.
Naturalmente que não pensei no que faria se fosse gaja (embora se fosse certamente tivesse tido quem mas trouxesse para cima, dois andares sem elevador, duas malas e o baixo, até que tinha dado jeito), mas pensei por que raio são só as minhas malas que cá estão, sem companhia.
Pensei em há quanto tempo são só as minhas malas que partem comigo, que regressam comigo, as minhas malas, com a minha roupa e com as minhas coisas; pensei em por que raio de razão não há mais malas para trazer com as minhas, mais roupa (mais que a minha...) para trazer misturada com a minha; pensei no que está certo e no que está errado, no que devemos ou não ter e procurar ter na vida, no que devemos ou não trazer na bagagem. Pensei, também por causa das horas e dos fusos, que não me deixaram dormir, que mereço ter mais malas para trazer para cima, o exercício faz-me bem e é mais um ponto a meu favor, ser gentil e carregar com elas; que, mais que merecer, preciso ter mais bagagem para completar a minha, mais malas para colocar naquelas prateleiras vazias que estão para ali.
As minhas prateleiras vazias.
As que eu mandei fazer a mais, que eu sei que o meu espaço nunca vai ser totalmente meu se continuar a ser só meu; o espaço que eu sei que um dia vai faltar, entre sapatos e casacos e mais sapatos, aqueles que têm o número certo. Um dia...
Eu espero. Tu sabes que eu espero.

fusos

A estas horas estou normalmente a dormir.
A estas horas? Ainda estou a habituar-me à ideia de que já não são 10 da noite.
Não faz mal, posso sempre escrever.

10 outubro 2008

viajar

Que tal estar na praia, subir a Torre Eifel, ver a estatua da liberdade, as piramides do Egipto e andar de gondola em Veneza? Bom?
Que tal fazer isto tudo num so dia? Priceless.

05 outubro 2008

Just before I go...

stand by

Por mais uns dias.
Desta vez não por opção, mas pelas limitações técnicas que se avizinham - embora devesse tentar replicar o último período sabático e os muito positivos resultados por ele (ou com ele) alcançados. Ainda que esses resultados estejam a ser pouco mais que uma aula prática sobre o Paradoxo de Zenão.
Até já, num outro fuso horário e certamente sem acentuação.

02 outubro 2008

a bridge too far

Operation Market-Garden was an Allied attempt to break through the German lines and seize several bridges, with the main goal of taking the bridge over the Lower Rhine near Arnhem, in the occupied Netherlands during World War II.
Before the operation, British Lieutenant-General Frederick A.M. Browning, deputy commander of the First Allied Airborne Army told Field Marshal Bernard Montgomery: "I think we may be going a bridge too far."

01 outubro 2008

fitness





Ainda há quem diga gostar de mim...

30 setembro 2008

saber calar

29 setembro 2008

rollercoaster

De que vale programar, planear ou agendar futuros, quando a maioria das coisas que acontecem acabam por parecer mera obra do acaso, aparentam ser motivadas por externalidades e são realidades sobre as quais não temos controlo?
As verdades que num dia são inquestionáveis rapidamente se transformam em dúvidas e podem até tornar-se em certezas - mas de uma verdade inversa à que estávamos habituados, ou com a qual contávamos. Talvez também por isto a verdade continue sem existir, a ser uma mera imagem que vamos criando dentro de nós e que nos permite ir vivendo na ilusão de que existem algumas garantias, ou, pelo menos, aquelas realidades que gostamos de ter como tal: não, a realidade de tal modo não existe que todos os dias acordamos para uma nova, que nunca esperámos ou que, se alguma vez imaginada, era cenário pouco provável.
A única defesa que existe é mesmo olhar de modo distante para nós mesmos e acreditar que é apenas o cenário que nos foi alterado e que temos a capacidade para suportar as intempéries que nos colocam no caminho, ser imparcial no modo como avaliamos a tal realidade involuntária com que nos deparamos e dizer para nós mesmos que o futuro será brilhante. Só poderá ser!

what now?

It is a mistake to look too far ahead.
Only one link in the chain of destiny can be handled at a time.



Winston Churchill

26 setembro 2008

coisas bonitas

Os teus olhos; a cor dos teus olhos, o brilho que eles mostram ao olhar para mim.
A tua boca, quando sorri; os teus braços, que se eriçam ao meu toque, à minha palavra.
O teu sorriso, que te ilumina o rosto, que ilumina o meu rosto e a minha alma.
As tuas mãos, a puxar o cabelo para trás, para cima; o teu cabelo, que me bate na cara; o teu peito, que fica ali, tão perto do meu beijo. As tuas pernas, que se abraçam a mim, que me pedem para te ter; o teu corpo, que geme quando eu te tenho, que se contorce e me pede para te ter mais. Os teus olhos; a cor e o brilho dos teus olhos.
Tu.

my nature

Uma palavra pode alterar a tomada de decisão sobre um fim de semana no Algarve.
E esta sim, seria das mágicas.

25 setembro 2008

mother nature

Um cogumelo pode facilitar/influenciar a tomada de decisão sobre um fim de semana no Algarve.
E não, não é dos mágicos.

23 setembro 2008

os círculos do vício

Decidi lixar a segurança social e tentar contribuir para o aumento da longevidade: comecei hoje as minhas visitas ao ginásio...
Depois de uns cobardes 20 minutos de bicicleta e de uns mais heterossexuais 30 minutos agarrado ao ferro (decidi parar por ali, primeiro dia, convém sobreviver e tal...), e para que amanhã me sobrem mais uns minutos de sono, aproveitei o facto de ter comigo o kit de barbear para escanhoar a face... e não só: pode dizer-se que me estiquei... Muito.

A boa notícia (única, para já) da prática do exercício físico é que perco totalmente a vontade de fumar; no entanto, ganho algum apetite adicional: tudo bem, parece-me facto normal, dadas as calorias consumidas naquele processo.
A porra toda é que me dá uma enorme vontade de fumar depois de comer...

"pai, carrega-me o telefone"

Já ouvi esta frase. Já ouvi até frases mais elaboradas, do tipo "pai, não tenho dinheiro no telefone, assim não te posso ligar...", como se alguma das chamadas alguma vez feitas fosse para o meu número. Geralmente, fico meio zangado com estas pedinchices e faço-me difícil, digo que não carrego, que não tenho vida para andar a pagar estes vícios de adolescente e as restantes frases que fazem parte do glossário de um pai.
Agora ouvir de um adulto "eu quis ligar, mas não tinha crédito no telefone..." não me parece nada bem... Mas pronto, está carregado.

22

Parece que estou definitivamente livre. Ontem foi a prova!

22 setembro 2008

preto no branco

(será mais um quase branco sobre um castanho - ou cinzento, dependendo do ecran)

Porque eu já tentei dizer uma e outra vez que o que para aqui vai é meu, que me reservo o direito de distorcer situações factuais, de as deturpar ou mesmo de as inventar, sem qualquer segunda intenção - geralmente. Mas garanto que a intenção que vem em segundo lugar, se vier, será sempre correctamente entendida pelo correcto destinatário.

Convidei-te para almoçar comigo? Não? Dei-te boleia nesse dia, por acaso?
Então não tens que te preocupar.

playin' God

Numa tentativa de replicar aquela história de caminhar sobre a água que vem descrita num livro antigo, agarrei-me a um cabo e tentei manter o equilíbrio. Logrei preservar a posição vertical durante um par de minutos de cada vez, não sem antes ingerir uma quantidade apreciável daquele líquido acastanhado - não sei se na versão original seria avermelhado... - e, como a quantidade de testemunhas era baixa (e convenientemente anónima), preservei também a postura. Fica a vontade de repetir a proeza, mesmo que agora, quase vinte e quatro horas volvidas sobre a consumação do milagre, as dores musculares sejam quase visíveis de tanto sentidas.
Que isto de querer ser divino tem que se lhe diga...

19 setembro 2008

Sei de que me serviu!

18 setembro 2008

a day at the stores

Fashion is a form of ugliness so intolerable
that we have to alter it every six months.



Oscar Wilde

17 setembro 2008

Estrelas de mil cores...

medidas de coacção

Em Portugal vigoram as medidas de coacção de termo de identidade e residência; caução; obrigação de apresentação periódica; suspensão do exercício de funções, de profissão e de direitos; proibição de permanência, de ausência e de contactos; obrigação de permanência na habitação e a prisão preventiva, que é a mais grave.
O termo de identidade e residência é aplicado pela autoridade judiciária ou pelo órgão de polícia criminal a todo aquele que for constituído arguido. Este indica a sua residência, o local de trabalho ou outro domicílio à sua escolha.
Fica com a obrigação de comparecer perante a autoridade competente ou de se manter à disposição dela. Não pode mudar de residência nem ausentar-se dela por mais de cinco dias sem comunicar outra residência onde possa ser encontrado.
(...)
A proibição de permanência, de ausência e de contactos ocorre se houver fortes indícios de prática de crime doloso punível com pena de prisão de máximo superior a três anos. O arguido fica impedido de permanecer na área de uma determinada povoação, freguesia ou concelho ou na residência onde o crime tenha sido cometido, ou outras.
Pode ficar ainda proibido de se ausentar para o estrangeiro, sair da povoação, freguesia ou concelho do seu domicílio. De contactar com determinadas pessoas ou não frequentar certos lugares ou certos meios. Esta medida de coacção pode ser aplicada em conjunto com outras.
A obrigação de permanência na habitação, a que geralmente se chama prisão domiciliária, pode ser aplicada quando existem fortes indícios de prática de crime punível com prisão de máximo superior a três anos. Para fiscalizar o seu cumprimento pode ser usada a pulseira electrónica.
Quando as medidas anteriores são consideradas inadequadas ou insuficientes, opta-se pela prisão preventiva. E no caso de se ter praticado crimes puníveis com pena de prisão de máximo superior a três anos.
(...)

Antes da festa...

16 setembro 2008

urgente ou importante?


Aquele sms tinha um som urgente.
Ele demorou talvez um minuto a acreditar que a Ana vinha mesmo a caminho. Acendeu o cigarro e, ainda hesitante, saiu. Foi fumar para o passeio com os olhos postos no início da rua, à espera de a ver a chegar, conduzindo apressadamente - ela conduzia sempre apressadamente.
Finalmente, ela apareceu no topo da rua. Ele nem queria acreditar...
Desde aquele dia em que pensou tê-la perdido para sempre tinham passado algumas semanas, tempo suficiente para que ele tivesse tido a oportunidade de sublimar aquela sensação de derrota que o acompanhou durante dias. Desde aquele dia, tinham passado semanas também de esperança, ele nunca ira acreditar que alguém pudesse deitar fora toda aquela emoção, aqueles sentimentos, explícitos e implícitos.
- Não acredito que estejas aqui: que foi que te passou pela cabeça?
- Entra!
O carro não tinha andado mais do que 100m e o telefone dela tocava, arrancando-os à força daquele momento de sonho.
- Eu saio, fala à vontade...
...
De volta à realidade...


Mas nunca mais nada voltaria a ser como até então.

se eu fosse gaja...

... não confiava em mim.

Porque eu sou daqueles que dá o litro - 10 litros, se conseguir - para ter o que sei existir; que não me arrependo de os dar. Que dou, mesmo sabendo que não posso dar, que não podem aceitar o que tenho para dar. Não faço outra coisa... é a minha natureza...

Se eu fosse gaja, não confiava em mim, que o pobre (e mesmo o rico, para o efeito) desconfia perante tal oferta, demasiado grande para ser verdadeira; mesmo sendo verdadeira, mesmo quando é verdadeira.

Se eu fosse gaja, punha-me as malas à porta no momento em que descobrisse a verdade; e a verdade é que aquilo que dou não vale exactamente o que parece. Talvez nem o que sou...

Se eu fosse aquela gaja... punha-me as malas à porta: as malas dela à minha porta. Que eu pedia-lhe para entrar e para não voltar a sair.



se eu fosse gaja?

Punha-me as malas à porta.

15 setembro 2008

o valor das coisas

Dizem-me (disseram...) que tenho uma relação estranha com o dinheiro (não era bem esta a frase, mas não estou a deturpá-la). Admito.
Sinto que na nossa viagem por esta vida não somos donos de nada, somos apenas quem usa, quem, durante algum tempo, conquista o direito de utilizar determinados bens que... estão por cá. Que se consomem, se caducos, que ficam por cá, se mais duradouros; mas que nunca são nossos. Por isso, faço um uso perfeitamente abusivo daqueles bens que foram colocados à minha disposição, quer os que me chegam graciosamente, mas principalmente dos outros, aqueles cujo acesso me custou a obter. De um modo geral, dinheiro. Não que tenha assim tanto, mas pronto...
Gasto, de modo quase indisciplinado: comigo, no que me dá prazer, acarinhando-me com aquelas coisas que me fazem sorrir - mesmo quando sei que o prazer que elas me dão é momentâneo, que vai, mais cedo que tarde, desaparecer. Gasto, de modo quase desinteressado: com os outros, quando sei que lhes dá prazer. Gasto dinheiro, sim, muito, tanto que nem é bom pensar nisso; mas também tempo, que ainda tenho menos que dinheiro, e, por vezes, até suor (haverá quem diga que isso até me fará bem...). E isto, na minha estranha teoria, não constitui qualquer forma de altruísmo ou desinteresse, bem antes pelo contrário, é egoísmo no estado mais puro que possa existir: o maior prazer é mesmo meu. Garanto.
Porque se aquilo que por aqui vou usando não são coisas minhas, há outras que são apenas minhas e das quais não quero sequer pensar em abdicar: os sorrisos que vou vendo nas caras de quem está do outro lado... nem que para tal tenha ir por caminhos verdadeiramente obscenos.... Porque o prazer que disso retiro não se mede em euros.

o prazer da viagem



Destino desconhecido, a próxima etapa adivinha-se...











Eu gosto de curvas.

"Não preciso que me prometas que vais gostar de mim a vida toda.
Basta-me que gostes."



Frase lida no correio sentimental de um jornal de província, algures na Beira, algures em 2003

12 setembro 2008


11 setembro 2008

9-eleven

"We will rebuild. We're going to come out of this stronger than before (...).
The skyline will be made whole again."




Rudy Giuliani, New York City's Mayor
September 11th, 2001, after the fall of the WTC towers

se eu fosse gaja...

Um convite para almoço num dia de trabalho.
O restaurante... bem, vai ser uma surpresa, tinha-lhe prometido, não lhe disse onde nem qual.


Não sei se ela irá entender, mas a surpresa começa pelos sapatos...

Faremos uma pequena viagem de carro, uns 15 minutos, até a uma praia perto da cidade. No parque, paro o carro e abro a bagageira - não para a meter lá dentro, que esse teste já foi ultrapassado, mas para lhe revelar a outra parte da surpresa:
um frapé com um Moët gelado, dois flutes e fingerfood: tostas, salmão fumado, morangos... é verdade, não me posso esquecer dos doces, para um final decente. Claro, não vai dar para café, mas não se pode ter tudo.




Será que alguma mulher consegue resistir a um tratamento destes...?
Se eu fosse gaja? Casava-me comigo, caraças!









10 setembro 2008

fitness

Ontem ao final da tarde, por ter chegado demasiado cedo a um encontro, passei uma meia hora junto ao Tejo, uns 500 metros a jusante da ponte.
Durante esse período de tempo, contei 183 atletas, que andavam, corriam ou pedalavam ao longo da margem do rio (na verdade, não contei, não tive paciência, mas eram imensos). Dos mais diversos escalões etários, usando as mais diversas indumentárias, homens, mulheres e... bem... pessoas de todos os tipos, julgo que com o fito de melhorar a condição física - e, na verdade, uma grande maioria precisa mesmo, a julgar pelo aspecto.
Não entendo esta necessidade: esforçam-se, cansam-se, suam, fazem figuras ridículas, pelos gestos que descrevem com os braços enquanto "aquecem" antes da corrida, ou pelo modo como fazem flexões nos bancos do jardim, vestem-se com peças de roupa que eu não usaria para lavar o carro... e tratam de comprometer o futuro das gerações vindouras?
Será que as pessoas não têm a consciência de que o exercício físico contribui para a não ocorrência de doenças e para um eventual aumento da esperança de vida? Não têm a consciência de que a população está a envelhecer e que caminhamos para a falência do sistema de segurança social? E, tendo esse conhecimento, continuam a correr, andar, pedalar e a contribuir para que os nossos filhos tenham que nos sustentar até aos 108 anos, para que o estado dilate a idade de reforma para conseguir poupar nas pensões?
Não contem comigo: a minha consciência social impede-me de tais atitudes.

08 setembro 2008

que me importa?

07 setembro 2008

still on about shoes

42 - there must be something more

















You didn't get to heaven but you made it close

06 setembro 2008

de passagem

A ferrovia foi durante cerca de um século o meio de transporte mais utilizado e aquele que permitia aos viajantes percorrer grandes distâncias de modo confortável.
Na época, virtude do ainda fraco desenvolvimento tecnológico e à consequente baixa eficiência das máquinas, as viagens eram longas e morosas, sendo amiúde necessário efectuar paragens em locais estratégicos, onde o comboio reabastecia de carvão e água e onde os passageiros podiam, durante um curto período, retemperar forças.
Nas estações onde tais escalas decorriam os passageiros usavam os lavabos, tomavam uma bebida e eventualmente uma pequena refeição; aproveitavam ainda a pausa para esticar as pernas, andando ao longo da plataforma e para comprar uma pequena recordação da zona, ou para enviar um postal para casa.
Estas estações eram aparentemente limitadas em recursos. Frequentemente situadas em locais remotos, sem grande interesse sócio-geográfico, mesmo que detendo por vezes alguns aspectos pictorescos dignos de registo e que poderiam despertar certos apetites aventureiros, por regra não permitiam aos passageiros sequer pernoitar, pelo que raramente (se alguma vez) um viajante ficou famoso por ter decidido encurtar a viagem, tendo passado a residir num tal lugar - nem mesmo aqueles que, inspirados pelas virtudes do local e pelo cansaço da jornada, tenham hesitado e ficado apenas por um instante.
Poder-se-á alegar que a responsabilidade por tais decisões recaía na importância que o destino tinha para os viajantes, ou ainda que o prazer da viagem que cada um tinha empreendido os inibia de sequer ponderar em qualquer aventura dessa natureza; na realidade, era a estação que falhava em promover a qualidade dos serviços prestados, as virtudes do local, a hospitalidade das gentes, da gastronomia e, acima de tudo, a vida despreocupada e livre que se poderia desfrutar no lugar.
Ou, de um modo muito mais simples: aquele sítio era mesmo uma merda.

02 setembro 2008

stand by

Por uns dias.
Até já.

01 setembro 2008

depois se vê...

Dois irmão, um pessimista, um optimista.
O pai deles, por ocasião do Natal, oferece uma bicicleta ao pessimista. Este, ao ver a prenda que lhe calhou, diz ao pai:
- Sabes pai... uma bicicleta pode ser um objecto com muitos problemas: os pneus têm furos, a corrente salta, pode causar quedas, com fracturas de membros, o esforço físico a que obriga pode causar danos físicos ataques cardíacos... quem sabe, pode inclusivamente causar a morte de quem a usa... Mas pai, obrigado, a sério que apreciei o teu gesto...
Na mesma ocasião, o pai oferece ao filho optimista um balde, cheio de bosta. Este, ao olhar para a prenda, salta de alegria e desata a correr, dirigindo-se ao exterior da casa:
- PAI, PAI, ONDE É QUE ESTÁ O CAVALO?

perfeito?

Absolutamente.

in my own shoes

Maybe not today, maybe not tomorrow, but soon and for the rest of my life.
In the meantime, I'll just keep tiptoeing proudly on my barefeet: it will pay.

in someone else's shoes - (provisional) epilogue

Fazia uma pergunta sobre o próximo passo.
Foi dado, com muitas incertezas, com ainda mais convicções, mas principalmente apoiado em princípios: e estes ajudaram a encontrar o passo seguinte ao tal próximo que procurava e que tenho a certeza de ter sido o certo. Do qual muito me orgulho.
Mesmo que ainda não saiba de que me serviu...

31 agosto 2008

stuck in this moment, along the stony pass



I am not afraid of anything in this world
There's nothing you can throw at me that I haven't already heard
I'm just trying to find a decent melody
A song that I can sing in my own company

I never thought you were a fool
But darling look at you
You gotta stand up straight
Carry your own weight
These tears are going nowhere baby

You've got to get yourself together
You've got stuck in a moment
And now you can't get out of it
Don't say that later will be better
Now you're stuck in a moment
And you can't get out of it

I will not forsake the colours that you bring
The nights you filled with fireworks, they left you with nothing
I am still enchanted by the light you brought to me
I listen through your ears, through your eyes I can see

And you are such a fool
To worry like you do
I know it's tough
And you can never get enough
Of what you don't really need now, my, oh my
...
I was unconscious, half asleep
The water is warm till you discover how deep
I wasn't jumping, for me it was a fall
It's a long way down to nothing at all
...
And if the night runs over
And if the day won't last
And if our way should falter
Along the stony pass
It's just a moment
This time will pass

29 agosto 2008

the hardest part

Ana acordou com o despertador faltavam um quarto para as oito.
Soltou um pequeno gemido de preguiça, esticou os braços e olhou para o lado. Sorriu ao lembrar-se que aquela não era a cama dela: era daquele homem velho que a olhava com uns olhos tranquilos e sorridentes e lhe dizia com o olhar o quanto gostava de a ver ali. De a ter ali.
Ana estava a acordar de uma noite especial - muito especial: tinha sido a primeira noite dela. Olhou para ele uma vez mais, continuando sem entender por que razão estava ali com ele: com aquele homem. Não era ele com quem ela tinha sonhado, nem com alguém parecido, sequer, ele estava longe de ser o personagem perfeito do filme de amor que a Ana tinha realizado para a vida dela. No entanto, estava ali, radiante por estar com ele, que a conseguia fazer feliz; que a fazia voltar acreditar que é possível ser-se feliz. "Que raio... como é possível... este é o homem errado...".
Não se levantaram sem antes terem repetido os gestos que se tinham prolongado pela madrugada. Abraçaram-se uma vez mais, devagar, sussurrando palavras de amor ao ouvido um do outro, fazendo promessas que os dois sabiam que não podiam fazer; mas fizeram-nas, com a certeza de que todas as palavras ditas eram verdadeiras, sentidas, carregadas de paixão. Com a certeza absoluta de que iriam amar-se sempre. Mesmo que não para sempre.
- Passa das nove, Ana, temos que despachar-nos.
- Tomas tu duche primeiro? Deixas-me ficar aqui mais um minuto a fingir que durmo?
Saíram faltavam poucos minutos para as 10, hora a que a Ana tinha que chegar ao trabalho; havia pouco trânsito, não houve dificuldade em percorrer depressa aqueles poucos quilómetros. No carro, nem o som do rádio nem os óculos escuros da Ana o impediram de perceber que ela chorava. Ele alcançou-lhe o rosto com a mão, fazendo-lhe uma pequena mas sentida carícia, enquanto esboçava um sorriso de tristeza: era um momento que ele tinha antecipado, ele sabia que, mais cedo que tarde, a Ana teria que passar por aquele processo. "E eu também... essa é que é a merda toda".
O carro imobilizou-se na rua estreita onde ficava o escritório da Ana. Olharam-se durante uns instantes, que pareceram muito mais curtos que a realidade. Ele quebrou o silêncio:
- Voltas?
- Não sei se volto...
Ele repetiu o sorriso triste de há uns minutos:
- Sabes? Fico satisfeito por me dares essa resposta... é a única que eu sei ser verdadeira...
Beijaram-se apressadamente, para ninguém os ver.
- Ana?
- Sim...?
- Não te esqueças de mim...
- Como é que tu podes imaginar que eu alguma vez poderei esquecer-te?
Ele esperou que ela atravessasse a rua antes de arrancar. O rádio estava desligado, mas ele quase que jurava conseguir ouvir numa qualquer emissora o Chris Martin a cantar "the hardest part was letting go, not taking part..." Um arrepio atravessou-lhe o pescoço: era medo.
Um medo enorme de ter acabado de a perder.

28 agosto 2008

A publicação anterior não faz sentido algum. Mas não conseguia ficar calado...

guerra fria

Tinham sido lançados os últimos misseis. Desta vez, e ao contrário do que acontece na maioria dos conflitos, as ogivas continham apenas folhetos de propaganda, apelando à pacificação e ao encontrar de uma solução consensual para a questão.
Tratava-se de uma disputa territorial, com um desenlace imprevisível. Em confronto estavam duas forças com argumentos desiguais: uma, a força ocupante, tinha do seu lado um histórico de ocupação, com todas as vantagens que a aculturação proporciona, a obra feita e o património até ao momento gerado; a segunda força, que aqui aparecerá descrita como força invasora, aparecia como arauto da liberdade e dos direitos humanos, com a promessa de um regime social justo, tolerante, com as naturais consequências da obtenção da denominada felicidade comum.

O histórico da presença territorial, iniciado há pouco mais de meia dúzia de anos, tinha sido resultado de um acordo de cooperação, que incluía um conjunto de cedências territoriais; no entanto, este acordo, que como tantos outros, tinha cláusulas ambíguas, que impediam o encontrar de uma coabitação sã e pacífica entre o povo ocupante e os nativos do território. Este pacto teve na sua génese um conjunto de anteriores iniciativas bilaterais, cujos resultados positivos auguravam um amplo sucesso, sucesso esse que estava no momento claramente a ser questionado por ambas as partes.
Mais que um regime opressor e totalitarista, estava-se em presença de um regime autoritário, pouco transigente com os hábitos autóctones e com os desejos indígenas de afirmação cultural. Para além da saturação, natural em empresas desta natureza, era este o principal factor causador de instabilidade na região.
Consciente do clima de insatisfação e do conflito latente, a denominada força invasora equacionava a invasão do território, fortemente motivada pelas afinidades culturais e, por que não, étnicas. Estas afinidades, nada evidentes, tinham sido inicialmente detectadas ainda antes do acordo de cooperação estabelecido com actual força ocupante; à época, e apenas por total incapacidade da agora denominada de força invasora, não tinha sido possível sequer agendar conversações sérias com vista à obtenção de qualquer acordo.
Existiam questões prévias que eram urgentes resolver: a autodeterminação, a liberdade de escolha e a afirmação inequívoca da vontade popular. Estas questões, fundamentais quer na política interna quer na externa da denominada força invasora, relativamente às quais esta não faria qualquer tipo de cedência, teriam que estar impreterivelmente resolvidas antes do envio de qualquer missão oficial ao território disputado. Esta obstinação persistia mesmo depois das conclusões do relatório da comitiva diplomática enviada ao território e, principalmente, depois dos relatórios das mais recentes missões de espionagem: qualquer um destes garantia a necessidade absoluta da denúncia imediata de todo e qualquer acordo e de uma urgente alteração do regime.
Apesar das recomendações dos especialistas, o governo tinha decidido nunca tentar qualquer solução salomónica, materializada numa invasão, optando pela continuação da postura conservadora, determinando que nenhuma acção seria tomada antes de realização da discussão pública sobre a questão da manutenção do acordo vigente e do referendo consequente.
Os dados estavam lançados, o envio da propaganda tinha sido a acção derradeira. Nada mais restava que aguardar por notícias.

26 agosto 2008

bright colours

Remembering the world in...




... Red...

25 agosto 2008

obrigado

Correndo o risco de tornar a leitura das mais recentes publicações num anúncio radiofónico de uma sapataria (há certamente aí no meio dos 9 leitores quem sugira nomes de etiquetas adequadas, eu evidentemente não sou o gajo certo... começando pela escolha de sapatos...), insisto no assunto, pois repentinamente fez-se luz e consegui interpretar determinadas mensagens de aconselhamento ergonómico. Antes tarde que nunca...
Essa recente descoberta obriga-me naturalmente a uma vénia de agradecimento perante quem, ainda que de modo dissimulado e incógnito, não se poupou a esforços no sentido de tentar arquitectar um modo de meter algum senso nesta cabeça dura, desenhando imagens que tentam ilustrar o caminho óbvio; porém, a espessura craniana impede o estímulo mais eficaz do encéfalo, deste, para quem não é o óbvio que faz necessariamente sentido.
Importa referir que nenhum esforço é vão, pois apesar da falta de eficácia quanto ao objectivo primeiro, os resquícios de massa cinzenta que teimam em povoar o vácuo aparente conseguem, ainda assim, assimilar a parte mais relevante da informação recebida: que é aquela em que fica registada a prova de amizade e preocupação.
Eu sei, nem sequer sou eu o núcleo central dessa amizade e preocupação; e talvez até por isso o reconhecimento que fica seja ainda maior.
Pelo passado e pelo presente: bem hajas.

24 agosto 2008

i stand corrected

Sapatos que se prezam não têm tacões, têm saltos.

como quem se vê ao espelho p'la manhã

21 agosto 2008

referenciais 2


Esta moça, que nunca se atreverá a entrar pela minha janela, dá um significado totalmente novo à expressão "cair de costas".

sozinho em casa

Dada a diferença horária e a necessidade de cumprir horários, apenas tenho visto imagens ao vivo de Pequim em momentos de insónia. Ontem (hoje, mais correctamente), durante a tal insónia, a transmissão centrou-se no atletismo, numa modalidade que nunca entendi.

Certamente inventada por um grupo de mandriões que um dia se lembraram que também queriam ser atletas, suficiente e convenientemente distraídos para não entenderem que existe uma forma de locomoção mais natural, mais eficiente (quase o dobro da velocidade), que evita posturas físicas contra-natura e, mais que tudo, absolutamente ridículas (a imagem não me deixa mentir), a marcha é seguramente a modalidade que nunca conseguirei entender.

Com um surpreendentemente elevado número de praticantes, alguns com nomes insuspeitos e que dão origem a headlines bombásticos, é uma modalidade com regras apertadas e de muito difícil controlo, que, independentemente das frequentes desclassificações, tornam complicado o garantir da verdade desportiva. O estranho de tudo isto é que a não observância das regras da competição não tem origem na falta de desportivismo dos atletas, esta aparece descrita em qualquer compêndio de anatomia, que nem é necessário consultar: basta olhar para um praticante e ver que a natureza não nos fez assim.

Nem o ódio pela corrida, que eu, mais que a maioria, tão bem compreendo, pode justificar tais figuras em público.

sauregurkenzeit

Complicado postar nesta altura do ano...

20 agosto 2008

scare...


19 agosto 2008

in someone else's shoes

Só para simplificar e clarifcar uma questão.


Imaginemos...


Vamos um belo dia pela rua e vemos, ou imaginamos ver, o tal par, o da medida certa nuns pés estranhos. Admitamos que não lhes ficam bem, talvez tenham um ar desajeitado a andar neles, talvez até possamos dizer que aquela forma de andar falha totalmente no maximizar do potencial do calçado, que insiste em arrastar os calcanhares e desgasta aqueles tacões, naquele passo indolente e desinteressado.

E agora, qual o próximo passo...?



(os conselhos que o Tejo dá...)

17 agosto 2008

referenciais


Até pelo horário a que foram transmitidas a maioria das provas, apenas assisti a um conjunto reduzido de eventos dos Jogos. Este foi um dos que mais me impressionou, pela facilidade com que aquele bólide atravessou toda a recta da pista, deixando a uma distância enorme quem o tentava acompanhar - cinco deles ficaram abaixo da barreira dos 10 segundos.
Penso que não temos, na maioria das vezes, a noção da dimensão dos feitos destes atletas - ok, o Phelps ganhou uma infinidade de medalhas e a velocidade a que ele nadou fui suficiente para quebrar os recordes mundiais da maioria das provas em que participou, mas ainda assim não se me afigura simples entender o que significa nadar os 200 mariposa em 1:52.

Nas provas de velocidade pura (e no salto em comprimento) torna-se mais fácil para mim visualizar a magnitude do que significa fazer 100 m naquele tempo.
Fazendo contas e considerando que os metros de arranque são mais lentos, penso ser aceitável assumir que este tipo corre os segundos 50 m em 4 segundos; se assim for, cada metro depois dos 50 é ultrapassado em oito centésimos de segundo. Torna-se para mim fácil concluir da dimensão da proeza quando imagino que este tipo percorre a minha sala em 0.32 segundos...

perfeito para mim

Teimosamente, tentamos encontrar a perfeição. De modo talvez até inconsciente, temos uma imagem, construída ao longo de anos e função de todo um conjunto de factores (culturais, educacionais) que nos orienta num determinado sentido, levando-nos a procurar o resultado prático dessa imagem.
Um dia, não interessa ao final de quanto tempo, encontra-se a materialização dessa tal imagem de tudo o que ambicionávamos encontrar (ou algo muito próximo, de acordo com a definição, "que tem tudo o que lhe pertence ter"). Por um instante, e não interessa a dimensão desse instante, existe a sensação de plenitude e acredita-se atingido o objectivo.
No instante seguinte, essa imagem - não a materialização dela - era afinal um logro auto induzido, pois essa imagem foi fruto de influências externas, nem sempre isentas, baseadas em conceitos e experiências desadequadas e desactualizadas. A perfeição que se buscava - e que então se encontrava - não era a nossa, mas a maioritariamente resultante desses factores externos, e não suficientemente pensada, amadurecida, analisada. A perfeição absoluta, se quisermos, a pensada e não a instintiva, como provavelmente tem que ser - e, talvez por isso mesmo, uma perfeição imperfeita: na perspectiva de quem a procura.

Mas talvez até sejam necessários todos os erros de casting que se cometem ao longo de uma vida para que se consiga, finalmente (!), encontrar o tal personagem, perfeito para desempenhar aquele papel principal. Porque mesmo sendo verdade que não se possa procurar e escolher, é garantidamente verdade que um dia se encontra. Tem que se encontrar.
Porque o que é perfeito para mim, ainda que esteja naquilo que se é, na forma como se faz, na maneira como se diz, acaba por não estar em nada disso: está dentro de mim.

perfeito?

do Latim: perfectu

adjectivo:
- acabado;
- completo;
- que não tem defeito físico ou moral;
- que tem tudo o que lhe pertence ter;
- magistral;
- primoroso;


Gramática:
- diz-se do tempo verbal que indica a acção realizada em relação a certa época passada.



Easy does it...

perfect?

"The belief that perfection can be achieved affects the lives of countless numbers of people. Many are obsessed with achieving perfection to the point that it affects their physical and psychological well-being. (...) They seek the perfect mate, the perfect job, the perfect body, and are often unhappy in their quest. (...) These people experience disappointment and dissatisfaction and are often unable to enjoy the simple pleasures of life.
(...)
Perfection is meant to be an abstract ideal, it is a concept designed to spur us on to greater heights. The meaning of the word perfection is illustrated by the phrase "striving toward perfection." Few people who adopt seeking perfection as a value (as opposed to achieving perfection) expect to achieve it. Seeking perfection merely connotes that process of moving closer to an abstract ideal.
The concept of perfection in itself has no meaning in a concrete sense. It only takes on meaning when we ask the question "perfect for what?" In other words, it is a relative concept. Perfect weather for sailing is not the same as perfect weather for ice-skating; the perfect fishing rod when deep sea fishing for marlin is different from that used when lake fishing for trout.
(...)
Our society reinforces perfection. From childhood we learn that being "good" is very important. We learn that "good" means being quiet, orderly, clean, and disciplined, where being controlled is rewarded. (...) From early on we train our children to function in the world where being compulsive and perfect pays off.
Schools further reinforce these values. (...) Conformity is the goal in many schools and controlling the children takes a higher priority than learning and discovery. Perfect children are quiet children."

E.Dreyfus, Search of Perfection



Só para tomar balanço...

15 agosto 2008

time to wise up




You think, one drink
Will shrink you 'till you're underground

14 agosto 2008

perto de casa

Muito perto, mesmo.
A chave não cumpriu a missão e a fechadura não abriu, a escada foi o refúgio temporário. Eram 19 horas quando constatava a avaria e ao telefone diziam-me que "ele está aí pelas 20h30, mais ou menos". O facto de ter regressado das compras facilitou um improvisado jantar no carro, enquanto esperávamos pelas 21 e qualquer coisa, hora a que a mão de obra especializada acabava por chegar e iniciava um concerto de marteladas em dó menor - muito menor: afinal a porta era minha, não dele.
A chave não tinha qualquer responsabilidade, apurou-se depois de, hora e meia mais tarde e literalmente a ferros, desmontada a fechadura: era necessária substituição total, mas "isso só amanhã". A fechadura acabaria mesmo por ser trocada por um cheque generosamente caligrafado, com o qual concluí ter laços emocionais fortes, tal foi a dificuldade com que me separei dele.





Realmente, é necessário não ter mesmo assunto para descrever aqui este tipo de merdas, não é?