15 setembro 2008

o valor das coisas

Dizem-me (disseram...) que tenho uma relação estranha com o dinheiro (não era bem esta a frase, mas não estou a deturpá-la). Admito.
Sinto que na nossa viagem por esta vida não somos donos de nada, somos apenas quem usa, quem, durante algum tempo, conquista o direito de utilizar determinados bens que... estão por cá. Que se consomem, se caducos, que ficam por cá, se mais duradouros; mas que nunca são nossos. Por isso, faço um uso perfeitamente abusivo daqueles bens que foram colocados à minha disposição, quer os que me chegam graciosamente, mas principalmente dos outros, aqueles cujo acesso me custou a obter. De um modo geral, dinheiro. Não que tenha assim tanto, mas pronto...
Gasto, de modo quase indisciplinado: comigo, no que me dá prazer, acarinhando-me com aquelas coisas que me fazem sorrir - mesmo quando sei que o prazer que elas me dão é momentâneo, que vai, mais cedo que tarde, desaparecer. Gasto, de modo quase desinteressado: com os outros, quando sei que lhes dá prazer. Gasto dinheiro, sim, muito, tanto que nem é bom pensar nisso; mas também tempo, que ainda tenho menos que dinheiro, e, por vezes, até suor (haverá quem diga que isso até me fará bem...). E isto, na minha estranha teoria, não constitui qualquer forma de altruísmo ou desinteresse, bem antes pelo contrário, é egoísmo no estado mais puro que possa existir: o maior prazer é mesmo meu. Garanto.
Porque se aquilo que por aqui vou usando não são coisas minhas, há outras que são apenas minhas e das quais não quero sequer pensar em abdicar: os sorrisos que vou vendo nas caras de quem está do outro lado... nem que para tal tenha ir por caminhos verdadeiramente obscenos.... Porque o prazer que disso retiro não se mede em euros.

1 comentário:

Anónimo disse...

"As melhores coisas da vida não são coisas"