31 julho 2008

missão

Em 2002, o National Geographic conseguiu reencontrar o tema de uma das suas mais famosas capas de sempre.
Quem no ocidente, em 1985, viu a fotografia da bela miúda Pashtun, de brilhantes olhos verdes, seguramente pensou que ela poderia transformar-se numa top-model; em vez disso, casou, deu à luz 4 filhos, atravessou anos de guerra e pobreza. O novo retrato de Sharbat Gula, quando ao lado do antigo, torna-se tão poderoso quanto esse: os olhos são dezassete anos mais pálidos, o véu menos colorido, o olhar agora mais preocupado que atrevido, desafiador...




Certamente que, algures na nossa vida, todos vimos uns olhos assim, que nos fitavam, que mereciam mais atenção que aquela que lhes demos. Nunca é demasiado tarde para fazermos a nossa parte e permitir que um olhar destes não esmoreça.

rollercoaster

Há um ano, depois de um Julho estranhamente conturbado, arrumei a nostalgia e a roupa de Verão dentro da mala e fui perder-me com os meus favourite allies. Trouxe de volta laços mais fortes e sorrisos nos lábios dos parceiros de viagem, na primeira experiência de longos trajectos rodoviários e de encontros com pessoas que falam linguagens desconhecidas. E a certeza de que os melhores dias estavam ainda para vir.
Desde então, muita água, da mais fria à mais quente, correu debaixo da proverbial ponte - a mais quente até me fez acreditar que a corrente me poderia levar ao lugar certo. Mas tudo volta ao início, à nauseante e persistente incompetência com que faço a gestão das matérias mais básicas da vida.
Este ano, depois de um Julho calmamente conturbado, faço a mala para me perder de novo com os meus favourite allies. Quero trazer de volta laços mais consolidados e sorrisos pelo menos iguais aos que lhes consegui proporcionar no ano passado, definir estratégias internas que me permitam evitar o rasto de danos que pareço deixar sempre atrás de mim.
E conseguir continuar a acreditar que os melhores dias são sempre os que estão para vir.

28 julho 2008

Perdido e em busca da minha identidade, eis que descubro ser não mais que um ponto de relevo na Serra da Arrábida.

hoje não posso

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjectividade objectiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
...

Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
...

Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
...

Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...



Álvaro de Campos
Pedaços de "Ficções de Interlúdio", 1928

18 julho 2008

fim de semana


Quente e calmo...

17 julho 2008

contribuições e impostos II

ou networking

Existe um outro processo expedito que me esqueci de referir. Trata-se de um processo muito conhecido e utilizado no proverbial jardim à beira mar plantado, no qual por enorme lapso nem pensei: a cunha e o conhecimento.
Ao ser recordado dessa possibilidade, foram necessários um par de telefonemas e o envio de outros tantos mails, o irmão da cunhada da namorada, ele mesmo colaborador da mencionada instituição, procedeu ao levantamento do documento em falta.
E pronto: ao fim de quase 7 meses na ilegalidade, a conduzir sem documento que me habilitasse, eis que tenho no bolso a versão cartão de crédito que substitui o antigo documento cor de rosa. Sem burocracias, sem filas de espera e sem custos.


Nota: o índice é aqui utilizado numa perspectiva mais lata, sendo neste caso substituível por um outro que poderia facilmente denominar-se de sociedade da treta

16 julho 2008

protesto


Mais cara que os 400 e muitos euros que vou ter que desembolsar para ver reparados os danos indirectos do "furto no interior de viatura" do qual fui vítima na madrugada do passado sábado é a sensação de intranquilidade que neste momento me persegue todas as noites, em que uma e outra vez penso em ir à janela de casa ver se está tudo em ordem, se está tudo na mesma, intacto como eu deixei.
Tenho a certeza que o velho telemóvel com mais de sete anos e os óculos escuros que neste momento já não estão na minha posse não fazem feliz seja quem for que agora os usa, autor ou receptador do furto; tenho também a certeza de que ninguém irá alguma vez enriquecer à conta daquilo que alguém se esqueceu de retirar do interior de uma viatura; mas a verdade é que estes episódios, que acontecem quase sempre aos outros, continuam a acontecer e um dia batem-nos à porta. E deixam marcas.
Por mais anéis que perca (e foram já muitos), os dedos permanecem, e vidros, telefone e óculos postos à parte, a sensação que perdura e que incomoda, por mais que os dedos agora se desgastem a aspirar, ou lavar, é que alguém invadiu um local que considero meu, íntimo, privado, onde só devia entrar quem eu convido. E não é boa, a sensação.

08 julho 2008

alea jacta est

04 julho 2008

o primeiro dia

É altura de reavivar na minha memória valores que professo há muito tempo; e é também altura de pegar no meu CV, velho de quase um ano, e acrescentar-lhe um ano de vida.

03 julho 2008

é verdade:


hang the head

Há um ano...

I swear I'll never give in
and I refuse...

01 julho 2008

sixty four?




Send me an e-mail, drop me a line
state your point of view
indicate precisely what you mean to say
or make no sense, it will be ok
Leave me your comment, fill in the form
I'll allow it all
Will you still greet me
Will you still read me
When I'm 40 four

O McCartney escreveu e cantou esta em 66.
Achei melhor actualizar...

double four

Pois...