30 abril 2008

memórias

Depois de uma leitura de um blog mesmo aqui ao lado a propósito de erros e frases estúpidas, recordei-me de uma resposta totalmente "bronca" que uma vez ouvi.

Há quase duas décadas, andava eu pelo extremo sul daquela ilha famosa pelo nevoeiro. Mais que ao nevoeiro, mais fama que proveito, era necessária adequação ao estilo de vida e acondicionamento a determinados horários: jantar às seis, pub das 7 às 11, nightclub depois dessa hora - mas só mesmo até às duas, hora a partir da qual na rua se viam quase apenas "ham-sandwiches", forma como eram conhecidos as viaturas da polícia (ilustrando: "pão" branco, com um risco vermelho de "presunto" ao meio... estou a fazer-me entender...?).
A essas horas impróprias, a única actividade possível era mesmo ir a uma loja de origem turca comer um kebab, tentando ensopar os litros ingeridos desde as 19 horas da tarde anterior e o espírito gregário que dá ao Homem a tendência a associar-se a elementos com quem se identifica fazia com que a maioria do meus companheiros de refeição (!) fossem também portugueses.

To cut a long story short, no final de uma dessas noites de carácter associativo, um dos associados lusitanos efectuou um pedido ao balcão do tal turco:
- Can I please have a kebab and a Coke?
(sem que aqueles saxónicos sejam genuinamente educados, a palavra "please" é mandatória, pelo que esta frase não retrata necessariamente uma educação apurada por parte do nosso compatriota...)
Não entendendo na plenitude o pedido, ouve-se a réplica do otomano:
- Small or large? - referindo-se à dimensão do kebab. Sem pestanejar e de resposta pronta, retorquiu de imediato o luso-bronco:
- Não quero Sumol, quero Coca-Cola!

29 abril 2008

wishful thinking

Noites nas arábias

22 abril 2008

falta de imaginação

Sem alguma vez ter lido um texto que fosse da autoria do Oscar Wilde, este autor é possivelmente a minha maior fonte de citações, algumas das quais constituem inclusivamente princípios de vida que, sem os conseguir seguir à letra, certamente advogo.
A memória do passado recente (se é que o Verão passado pode ainda ser considerado como recente) fez-me recordar uma frase que conheço há anos e que sei agora ser da autoria do acima mencionado escritor: work is ths curse of the drinking classes. Esta faz mais sentido num momento em que sou assaltado por algum tédio laboral e em que as solicitações de outra natureza são maiores que as habituais, fazendo com que tal tédio aumento na proporção directa da urgência das solicitações. E, coincidindo temporalmente as obrigações entediantes com um humor menos bem conseguido - que isto de trabalhar só merece a pena se de vez em quando tivermos que considerar o trabalho como uma tarefa séria - a frase já mencionada vem mais fácil e naturalmente à memória.
Como tive já oportunidade de referir aqui neste espaço, presumo que no final do meu longo Verão, só merece a pena desempenhar tarefas desde que elas constituam constante fonte de divertimento - e isto sem saber ainda que este sentimento era, de certo modo, compartilhado pelo tal de Oscar: life is far too important a thing ever to talk seriously about.


Já agora, nova citação sobre citações: citar uma vez pode constituir plágio; citar em contínuo revela apenas capacidade de investigação.
Refuto acusações.

17 abril 2008

tranquilidade

Não, não decidi usar risco ao meio, nem sequer depois da mão cheia de ontem.
(não podia mesmo deixar passar esta em claro)

Tranquilidade é o que se sente quando tudo corre bem, da maneira que gostamos.
Não que se tenha feito qualquer esforço nesse sentido, parece que tudo acontece em modo automático, porque não se programa ser nem estar assim - sempre diferente, mas nunca assim.
E, uma vez aqui, não restam grandes palavras, usaram-se todas lá, não resta muito tempo, investiu-se maioritariamente ali. Porque é onde está o retorno, porque é de lá que vem a inspiração para o estado de espírito.



11 abril 2008

ficção

- Aquela tanga toda que aparece no teu blog é realidade ou são textos de ficção?
- É tudo real!

Referia-me, claro está, a tudo o que tem algum conteúdo legível, a palha (ou seja, uma boa parte de tudo o que me passou pela cabeça) não conta.
Sim, aqui não há nada que não seja absolutamente genuíno, tenha sido vivido, pensado, imaginado, desejado ou temido, nada que não faça parte do universo pessoal - do MEU universo pessoal.
É que, apesar do passar dos tempos e mesmo sem ter feito qualquer esforço nesse sentido, tenho mantido a minha presença aqui absolutamente fiel aos princípios que um dia defini para a minha escrita e que divulguei em cabeçalho.

E é esta a verdade. A minha verdade, claro.

09 abril 2008

... and kicking!

Para quem tem estado preocupado, o meu estado de ausência deve-se em exclusivo às questões laborais deixadas para trás como consequência do estado vivido na semana anterior - o tal que teve passagem por um hospital do estado. Sim, tem estado tudo bem.
No news is still good news!

03 abril 2008

over the hill?

Para além dos já habituais "o senhor..." proferidos por elementos de gerações não tão jovens quanto isso, unhas ranhuradas e ameaças de camadas pilosas nos pavilhões auditivos eram os únicos indícios até então recebidos - e mesmo esses eram desmentidos pela persistente coloração na abundante (ainda que curta) cabeleira.
Sim, utilizo o pretérito.
Há uns dias apareceram novos e preocupantes sinais, mudos, surdos e incolores, daqueles que alteram ritmos e se medem recorrendo a ferramentas pneumáticas, cartões amarelos a estilos de vida, que a máquina já não é o que era e a partir de agora isto só vai lá com recurso diário a aditivos.
Diria o Winston que isto pode não ser o fim, nem sequer o princípio do fim: mas é pelo menos o fim do princípio.



Já agora: o tempo de espera na urgência foi de umas 4 horas. Nada mau...