27 fevereiro 2009

obrigado

A falta de índices pode adensar o enigma?

26 fevereiro 2009

pedido

Não sei se são, não sei se não.
Mas sei que as ouvi, nas entrelinhas da fala, que as interpretei nos gestos das palavras: das que não foram ditas mas que me pareceu estarem mesmo ali, prontas a serem ditas. E que acabaram por nunca ser pronunciadas.
Eu respondi-lhes, adivinhado-as - ou julgando adivinhá-las, ainda que tardiamente, dando uma resposta que terá sido apenas entendida caso a pergunta tenha sido alguma vez formulada - ou simplesmente pensada.





Sim, tenho que me deixar disto.
Que esta sina de pensar que sei e entendo traz menos benefícios que mais.

22 fevereiro 2009

destino:

até ao próximo impossível.

19 fevereiro 2009

memórias

Mais concretamente, memórias de situações embaraçosas.
Foram naturalmente várias as que me aconteceram.

Como uma, numa visita de trabalho a uma cidade da Estremadura, em que, ao ser convidado para almoçar e ao perceber que o almoço seria num restaurante que eu conhecia, lembrei-me de tecer um comentário sem maldade sobre o busto de uma das empregadas, uma Dolly Parton de metro e meio cujo atributo ficava inevitavelmente na memória de qualquer comensal. Claro que me esqueci que este País é uma aldeia e da consequente probabilidade de a resposta do meu anfitrião ser "... é minha prima...".

Uma outra memória, uns anos mais antiga, que remonta aos meus tempos de ensino liceal. Durante uma aula, mencionei de modo menos elegante os progenitores e o uso a dar à zona final do intestino de um alegado colega que, pelas costas, me dava pesado um "caldo" no pescoço... para entender, depois de uns intermináveis segundos de silêncio que a mão que me agredia não era mais do que a do professor.

Outra ainda, esta mais recente, perante uns convidados para jantar, um amigo e a mãe dele, com quem naturalmente não tenho tanta confiança quanto isso. Por alguma razão e ao contrário do habitual, a quantidade de comida confeccionada ficou aquém do suficiente, facto que rapidamente colmatei com um acompanhamento extra, esperando que a falha passasse despercebida. Falhei na introdução de uma medida cautelar... e ouvi o meu filho dizer bem alto "Pai, fizeste pouco, o jantar não vai chegar para todos". Claro que se gerou o desagradável ambiente em que todos, por acaso e em simultâneo, têm pouco apetite. E acabou por sobrar.

Memórias de situações embaraçosas; mais concretamente, de uma em particular e uma particularmente embaraçosa, que não tem assim tanto tempo quanto isso.
Saído de um restaurante, depois de almoçar com uma amiga, ficámos uns minutos no exterior a apreciar o fumo de um cigarro - ok, dois cigarros, um cada um. Estando o tempo frio e chuvoso, sentámo-nos no carro, janelas semi-abertas para arejar, quando ela me diz precisar urgentemente de ir a uma casa de banho. Sugeri naturalmente que regressasse ao restaurante, onde poderia resolver a questão. Ela, teimosa (e acredito que algo ébria), entendeu que não seria o melhor modo de pôr cobro ao problema: saiu do carro e, em pleno parque...

11 fevereiro 2009

aquecimento global

Hoje, cá em casa.
Ok, não é global, é central, mas finalmente está mais quente aqui que na rua.
Com uns 2 meses de atraso

sol




... and those days are back!

10 fevereiro 2009

paradoxo

Num mesmo dia, estive perante quem de mim quer tirar tudo a que não tem direito e a quem eu nada quero dar... e frente a quem de mim nada quer, ainda que eu apenas queira emprestar.

08 fevereiro 2009

esperança

Ler o meu blog... dor de cabeça...
Talvez a escrita retorcida e complicada seja eu a tentar dizer o que me vai na alma tentando não me expor, talvez seja eu a tentar arrumar o que está cá dentro, desarrumado, uma desarrumação que transborda até aqui e inunda estas linhas. E se torna incompreensível, indecifrável. Talvez seja também por, por vezes, enviar mensagens directas e encriptadas a um só leitor. Sim, confesso, a uma só leitora. Por vezes.
Por isso, desta vez serei literal. Sem nada a esconder, sem rodeios. Como um dia, algures nestas linhas, eu tinha prometido.

Eu sei. Eu sei que tenho tendência para causas perdidas. Sem esperança. E para gostar delas e por as levar às últimas consequências. Sim, eu sei do que falo quando falo delas.
No momento em que tinha encontrado uma imensa tranquilidade, com tudo o que parecia estar e ser certo, eu tenha querido acreditar que ainda não estava no fim e que tinha que haver um princípio mais forte - porque, se não há dúvida que o fim tem que ser aquele e que qualquer relação deve caminhar para lá, tem que haver mais pelo caminho: muito mais.
E, talvez por acaso, talvez não, esse muito mais foi-me colocado no caminho. Esse tudo, essa causa perdida. Sem esperança.

Não sei qual é o caminho. Hoje, que conheci o princípio, sei como gostaria que começasse; hoje, sei onde gostaria que fosse dar; hoje, normal soa-me bem. Soa-me particularmente bem, particularmente num momento em que me sinto um verdadeiro anormal, um eremita que viveu de migalhas de afecto que vieram de um só lado. Bem... veio de mais do que de um lado, devo confessar, que a cegueira (a minha) não foi assim tanta e há que dar crédito a quem o merece - e a quem, depois de tanto dar, ainda agradece o pouco que recebe.

E se sobrevivi a tudo aquilo a que já sobrevivi, esta é fácil. Mesmo.
Mais que muitos que o afirmam, eu sou um gajo flexível, recupero bem, mais ou menos amolgadela, lá estou a levantar-me depois de cair - e nem sei se cheguei a cair. Porque se há uma conclusão tirar de cada queda (ou de cada quase queda) é que facilmente está lá alguém antes do tropeção, de mão dada, que talvez até nos empurra até ao cambaleio: mas no momento de recuperar, de continuar, estamos quase sempre sós e é connosco que temos que contar. Só.

E não, não é o fim, nem sequer o princípio do fim; mas é certamente o fim do princípio.
Com esperança.


Yet to come

06 fevereiro 2009

sweet & sour

Há dias de merda, em que até para estar vivo é necessário fazer um esforço. Particularmente nesses dias, os finais de dia são particularmente complicados, são horas em que a sobrevivência parece ser questionada.
Depois, há uma voz aparentemente insensível que me diz na cara um conjunto de verdades, que diz sem medo o que pensa e o que sente, que me permite olhar para dentro como se me estivesse a ver de fora. E restitui-me o sorriso.Sour but sweet.
Obrigado :-)

04 fevereiro 2009

La Fontaine

Não faz sentido mencionar este jurista-escritor sem falar do dia em que o Leão encontrou o Dragão e lhe espetou quatro lanças, atirando-o para fora da arena.

robin hood

Há quem tenha tudo, há quem tenha nada, há quem tenha mais ou menos.
Geralmente, quem tem tudo nem sequer imagina que há quem tenha menos e muito menos imagina que há quem nada tenha. E segue descansado, sem sequer imaginar que, do lado de onde observa o Mundo, existe tudo e nada lhe falta, taking it for granted, numa de "a vida é assim mesmo" e nem sequer sentindo ou tendo consciência do privilégio da situação em que vive.
Pena que a vida real não seja como nos livros de ficção e não exista um herói, um daqueles mitos que tira aos ricos para dar aos pobres, ou um Jean de La Fontaine, que escreva nova fábula em que a Anta e a Avestruz se encontram na floresta (que até podia ser urbana) e vivam juntos e felizes para sempre. Ou, apenas, que vivam felizes para sempre.

Há quem tenha tudo, há quem tenha nada, há quem tenha mais ou menos.
E há quem tenha tudo o que eu gostaria de ter.
Anta...

:-)

03 fevereiro 2009

Há momentos em que é difícil saber. Saber mesmo.

enigmático...

Talvez não fosse fácil de cumprir, mas o pacto era simples; talvez até demasiado simples.
Mas, talvez como em todos os pactos, um dia uma das partes acabaria por quebrá-lo. A cláusula primeira. Talvez por isso mesmo, por ser demasiado simples e as coisas demasiado simples causam confusão: ninguém acredita que são assim tão simples e fáceis. Nem grátis. E, afinal, as coisas difíceis e as que mais custam acabam por ter mais sabor, não é?
Aparentemente, cumprir a cláusula segunda era tarefa mais complicada. Nem que fosse pela injustiça que tal obrigação auto-imposta configurava. Ainda assim, o cumprimento desta foi totalmente escrupuloso, tendo inclusivamente havido lugar a um agravamento voluntário e unilateral das obrigações.
O resto? O resto é história. Que talvez seja um dia transcrita e talvez um dia possa ser lida.
E talvez eu venha a conhecer a versão oficial do final que ainda desconheço. Verde no castanho.

Eu espero.
Mesmo que não seja fácil.