14 outubro 2008

malas à porta

Hoje tive as malas à porta. As minhas malas à minha porta.
Naturalmente que não pensei no que faria se fosse gaja (embora se fosse certamente tivesse tido quem mas trouxesse para cima, dois andares sem elevador, duas malas e o baixo, até que tinha dado jeito), mas pensei por que raio são só as minhas malas que cá estão, sem companhia.
Pensei em há quanto tempo são só as minhas malas que partem comigo, que regressam comigo, as minhas malas, com a minha roupa e com as minhas coisas; pensei em por que raio de razão não há mais malas para trazer com as minhas, mais roupa (mais que a minha...) para trazer misturada com a minha; pensei no que está certo e no que está errado, no que devemos ou não ter e procurar ter na vida, no que devemos ou não trazer na bagagem. Pensei, também por causa das horas e dos fusos, que não me deixaram dormir, que mereço ter mais malas para trazer para cima, o exercício faz-me bem e é mais um ponto a meu favor, ser gentil e carregar com elas; que, mais que merecer, preciso ter mais bagagem para completar a minha, mais malas para colocar naquelas prateleiras vazias que estão para ali.
As minhas prateleiras vazias.
As que eu mandei fazer a mais, que eu sei que o meu espaço nunca vai ser totalmente meu se continuar a ser só meu; o espaço que eu sei que um dia vai faltar, entre sapatos e casacos e mais sapatos, aqueles que têm o número certo. Um dia...
Eu espero. Tu sabes que eu espero.

5 comentários:

Stiletto disse...

Sei. Mas tu sabes que eu não acho bem. Que quero mais para ti.

cai de costas disse...

Poderei nem sempre publicar comentários, mas irei sempre comentar os comentários.
"Eu também: tudo"

Cristina Silva disse...

Muito bonito. Adorei ler este texto, em particular "...eu sei que o meu espaço nunca vai ser totalmente meu se continuar a ser só meu....".
Nem consigo fazer mais comentários porque me parecem banais face ao que o teu texto me tocou.
Um beijo

@na disse...

bonito! Mesmo!
Gostei do blog. ;)

MiSs Detective disse...

:):):):):):)