31 dezembro 2009

does it get any worse?

Citar Isabel II seria apropriado: este ano esteve próximo de ser horribilis. Se é que não foi mesmo.
Depois do impaciente alemão ter determinado o internamento do paciente, agora efectivamente mais paciente por (ainda) menos consciente, depois das confusões iniciadas pela ausência de valores de quem se apega aos valores, depois dos processos iniciados sobre os primeiros valores, depois de saber que o Natal seria diferente de todos os anteriores, pela ausência e pelas discordâncias, há alguém que na madrugada de 25 decide que quarenta e um anos chegam e deixa tudo suspenso na sala de casa dele - e uma tristeza e incompreensão que passam para cá das fronteiras familiares.
Mas não chegava e o ano velho não acabou suficientemente depressa para quem lutava para sobreviver a uma cirurgia mal sucedida, terminando com um mês de angústia e dando início à revolta contra a injustiça de ver que quem quer ir, pode ir, mas que quem quer ficar nem sempre consegue.
É melhor não celebrar: ainda faltam doze horas.

28 novembro 2009

when the shit hits the fan

... ou será que são luzes que começam a acender lá ao fundo?

29 outubro 2009

suporífero

Hoje, por coisas minhas, faço novamente minhas palavras que não o são. E outras, que até foram:
"O passar dos anos e a sabedoria (?) que deles advém amoleceu alguns destes ímpetos. Ou antes, terá dado a capacidade para permitir melhor distinguir os desafios essenciais dos outros, consigo agora voltar costas a tudo o que não me traz (ou a outrem) qualquer benefício. Já não desafio pelo prazer de desafiar, pelo simples prazer de demonstrar que estou mais certo: nem sempre vale a pena." E este é dos essenciais: mesmo da essência.
E não, não espero que me entendam - nem sequer preciso que me entendam.

27 outubro 2009

chariño

Tens sido quem me apoia, quem me ajuda, quem faz de mim quem neste momento sou; tens sido quem me dá, quem me é, quem me deseja. Tens sido quem eu desejo - és quem eu desejo. Também para ti, obrigado por estares ao meu lado nestes tempos complicados, nestes tempos conturbados, que me fazem fazer aquilo que eu nunca julguei poder fazer, mas que fazem ser aquilo que eu sempre pensei ser.

outros ascendentes

São aqueles que nos ensinam e determinam o que não seremos, quem, afinal, somos, acabamos por ser, um dia no futuro. Num presente que nunca julgámos possível, num presente daqueles que só aos outros poderia acontecer.
Tenho orgulho em não ser um filho da mãe, mas em ser indubitavelmente um filho do Pai.
See you in court.

ascendentes

São aqueles que nos ensinam e determinam que seremos, quem, afinal, somos, acabamos por ser, um dia no futuro. No presente.
Tenho orgulho em não ser um filho da mãe, mas em ser indubitavelmente um filho do Pai.
Obrigado!

13 outubro 2009

dentro de casa

Nunca entendi as motivações de quem, a partir de determinado momento, confunde valores com valores, colocando em primeiro lugar aqueles que trazem um aparente maior conforto; e também não entendo que alguém entenda que o conforto do conforto possa alguma vez confortar mais que a paz de espírito que nos permite dormir descansados todas as noites.
Contam-nos histórias, diferentes versões de uma mesma realidade que aparentemente não tem explicação, que ouvimos com um sorriso distante: acontece sempre aos outros. Até porque aqueles que estão perto de nós seriam incapazes de tais acções, afinal sabemos bem quem são, foi uma vida inteira de convívio e sempre estiveram do nosso lado quando, connosco, ouviram as mesmas tais histórias e as condenaram mais amiúde e com maior veemência do que aquela indicada pelo nosso distante sorriso. Até ao dia.
Até ao dia em que verificamos que é mesmo verdade que o conforto do conforto conforta mais que dormir à noite, que verificamos que continuam mesmo a dormir à noite, quando nem querem saber que é deste lado, afinal, que não se dorme a essa hora. A esta hora.
Afinal, se pensarmos bem, sempre soubemos quem são, apenas nunca nos questionámos a esse respeito, nunca colocámos as personagens no cenário das diferentes versões da tal realidade que nos contam: talvez encaixassem bem, estivessemos atentos aos exemplos passados. Talvez na perfeição.
Ou talvez seja eu que sou um anormal.


A outro propósito, mas agora mesmo a propósito, tinha ali este post guardado como draft. Nada como colocá-lo "cá fora" agora.

08 setembro 2009

Oscar said:

It is better to have a permanent income than to be fascinating.


Por mais que aprecie as frases deste notável autor, tal como as repetidas vezes que o cito o demonstram, e ainda que entendendo a intenção das palavras que agora transcrevo, não posso desta vez estar minimamente de acordo com ele. Primeiro, porque essa coisa de permanent income é coisa que não existe, por mais eterno que possa parecer, e porque nunca me senti mais fascinado por uma carteira (ou conta bancária, ou seja o que for) que pelo(a) proprietário(a) dela.

07 setembro 2009

a cor do crime

Seis e meia da manhã.
- Sim?
- Bom dia. Estou a falar com o sr. fulano de tal?
- Sim...
- Fala da esquadra. O sr. é o proprietário da moto com a matrícula 12-34-56?
- Sim...
- Sabia que a moto foi roubada?
- Não...
- Mas foi. Importa-se de vir até aqui apresentar queixa?
...
Seriam três da manhã quando um bando de quatro adolescentes entre os 16 e os 17 anos rondaram a porta da minha casa, conduzido uma carrinha roubada. Não sei se de modo premeditado, se impulso do momento, os quatro pegaram na moto e colocaram-na na traseira da carrinha. Por sorte minha, os polícias do carro patrulha suspeitaram da "cor laranja do objecto de grandes dimensões que estava dentro do carro", - embora na minha perspectiva tenha sido a cor do condutor a despertar a atenção dos agentes da autoridade - tendo perseguido a viatura que apenas conseguiram fazer parar depois de vários disparos.
Feita a queixa, tive que esperar que os CSI locais retirassem todos os elementos para poder levantar uma moto coberta da pó branco, que auxiliou a retirar impressões digitais, danificada pela condução apressada e certamente cega - ao que consta, a carrinha despistou-se ao quarto disparo, com os pneus vazios.
Pela segunda vez no espaço de semanas, depois de terem apreendido um larápio de 15 anos que roubou o telemóvel ao meu filho, as forças policiais revelaram-se eficazes no combate ao crime. Mas mesmo com uma eficácia a 100% (no meu caso), vou reforçar as trancas das minhas portas, que a taxa de criminalidade não irá baixar e a sorte não dura para sempre.

06 setembro 2009

long time, no see

Em Agosto, para replicar aquilo que se faz em época de crise, decidi perder-me de novo with my two favourite allies. Desta vez a opção da road trip foi colocada de lado, substituída por um mandatório e bem mais evoluído meio de transporte, que, desta vez e tal como estas palavras documentam, bem sucedido mesmo entre intol e tasil. Talvez não para mim, com as minhas razões a ficarem para trás, mas para os favourites terão sido as melhores férias da vida yet: obrigado a quem tem culpa, lá por terras de Santa Cruz.

24 julho 2009

concertos

Podia ter sido melhor.



Esperava talvez que fosse diferente, eram expectativas que nem sei definir. De qualquer modo, gostei de estar lá sentado, a cadeira até abanou ao ritmo de alguns dos temas.
E gostei da moldura humana.

Mas também podia ter sido bem pior...

17 julho 2009

o impaciente alemão

Ao contrário do que acreditava, não é apenas a memória que fica afectada, mas antes a maioria das características de personalidade e de comportamento daqueles que são visitados por aqueles senhores alemães. Se é verdade que numa fase inicial os sintomas apenas se manifestam a espaços, gerando inclusivamente episódios com alguma graça, rapidamente passamos a assistir de modo impotente à aflição que a ausência de capacidade de orientação temporal e física gera no paciente, causando neste uma permanente impaciência e enorme ansiedade, que se manifestam através do frequente levantar, espreitar, em que procura de modo quase desesperado por sinais do mundo que outrora reconheceram - e que, estando ali mesmo à frente deles, não conseguem alcançar.
Uma vez neste ciclo, demasiado depressa é atingido o ponto em que estamos perante alguém que fisicamente conseguimos reconhecer e que apenas a curtos espaços (minutos) habita nas mesmas dimensões do nosso universo. Restará proporcionar o maior conforto que conseguirmos, acarinhar e tentar compreender o que está para além da nossa compreensão.



Demência dos Corpos de Lewy (Lewy Body Disease, ou LBD)
Uma vez que os Corpos de Lewy são apenas detectáveis em autopsia, o diagnóstico pode apenas ser feito através da identificação de sintomas e da despistagem de outras doenças, podendo, por isso, revelar-se complicado para quem não esteja familiarizado com ela, já que a sintomatologia é similar à do Alzheimer e muitos sintomas repliquem os da doença de Parkinson. Há, no entanto, características marcadamente distintas: ao contrário dos pacientes com Alzheimer ou Parkinson, quem sofre de LBD apresenta fortes alucinações, extrema sensibilidade à medicação anti-psicótica e variação de sintomas numa base diária. Adicionalmente, a LBD ocorre duas vezes mais nos homens que nas mulheres e, ao contrário da Alzheimer, são raras as correlações genéticas.
Os Corpos de Lewy são estruturas presentes no centro do cérebro, proteínas microscópicas que se depositam nas células nervosas e perturbam o normal funcionamento do cérebro, fazendo com que este se deteriore lentamente. Foram identificadas em 1912 por Frederik Lewy, colega de Alois Alzheimer.
Sendo a presença dos Corpos de Lewy na zona central do cérebro a marca da Doença de Parkinson, a descoberta nos anos ’60 de corpos no córtex foi associada à Demência; doentes com LBD possuem corpos tanto na zona central como no córtex. Este sintoma está por vezes também presente em doentes com Alzheimer, pelo que o diagnóstico se revela complexo.

Sintomas
Muitos dos sintomas apresentam uma notável semelhança com os associados à Alzheimer ou à Parkinson e tendem a agravar-se com o tempo. No entanto, na LBD revelam-se também:
Redução da capacidade de atenção;
Alucinações visuais recorrentes, habitualmente relacionadas com pessoas ou animais (que afectam cerca de 80% dos pacientes e ocorrem frequentemente durante a noite);
Resistência à medicação anti-psicótica habitualmente prescrita a doentes com problemas mentais - esta poderá inclusivamente amplificar alguns dos sintomas de confusão, conduzir à falta de flexibilidade mental e até causar morte súbita;
Dificuldade crescente em lidar com as tarefas diárias;
Quedas repetidas;
Depressão.
Oscilações nos processos metabólicos, incluindo variações na pressão arterial, temperatura corporal, dificuldades urinárias, obstipação e dificuldade em engolir;
Sintomas de Alzheimer e Parkinson.

Sintomas comuns à Parkinson: tremores, rigidez muscular, dificuldades de equilíbrio, postura inclinada, hesitação no andar.
Sintomas comuns à Alzheimer: alterações de comportamento, diminuição do discernimento, confusão especial e temporal, dificuldade em seguir instruções, diminuição da capacidade de comunicação.

in helpguide.org/elder/lewy_body_disease.htm

06 julho 2009

passaportes

Depois de uma hora à espera na loja do cidadão, lá chegou a nossa vez.
Apresentados os documentos, a moça concluiu que "esta autorização não serve"; repliquei que tinha consultado o site do SEF e que era exactamente o que exigiam, "pois, mas nós temos instruções em contrário, isto é apenas para sair do país, precisa de uma autorização da mãe para tirar os passaportes". Tentei ainda argumentar que não fazia sentido a mãe autorizar que viajassem sem autorizar que tivessem passaporte, pelo que a mesma autorização deveria servir os dois propósitos, mas a ficar cansado do diálogo disse-lhe finalmente que "a informação foi confirmada pelo Director do Serviço *****, seu superior, portanto vou já telefonar-lhe e dizer-lhe que ele estava errado", frase que impeliu a rapariga para fora da cadeira com um "só um momento, vou falar com a minha chefe". Passados instantes, lá voltou com renovado sorriso e dizendo que "afinal serve, peço desculpa".
Pronto, estava o processo em marcha, fotos para um lado, assinaturas para o outro, tudo a ficar tratado, eis senão quando chega a chefe que achou por bem vir pessoalmente pedir desculpas pelo equívoco, desculpas que eu aceitei, naturalmente, "não se preocupe, são seguramente situações fora do normal, os senhores nem sempre sabem como reagir". Processo terminado, restava agora proceder ao pagamento. Curiosamente, quem faz as vezes de caixa é a tal chefe, que insistiu em desculpar-se mais duas vezes, "a rapariga é estagiária, o senhor por favor desculpe".
Realmente, friends in high places, ou a mera invocação de nomes e títulos parece fazer milagres...

01 julho 2009

um dia normal

Na realidade, o telefone tocou mais vezes que o costume, chegaram mais mensagens que o habitual, a caixa de correio registou mais entradas. Ao contrário do que aconteceu em muitas situações passadas, não trabalhei neste dia e optei por ficar em casa (brilhante a forma como duas verdades podem constituir uma mentira). Fora isso, foi um dia normal.
Na realidade, tal como em muitas situações passadas, parte do tempo foi passado a olhar para trás, para passados mais e menos recentes, para vidas anteriores, para o como, para o quem, para o com quem, talvez na eterna tentativa de tirar conclusões, ilações e lições do que passou; a olhar para o agora, para o presente e para os presentes, a pensar naqueles que mesmo ausentes fazem parte deste meu presente; a pensar em quem fará parte do meu presente futuro. Mas ao contrário do que aconteceu em muitas situações passadas, consegui concluir que, no meio dos meus meios azares, no meio das malas que partem e voltam na mesma, no meio de cobras e de lagartos, há quem me queira no meio deles: e isso faz de mim um gajo rico. E seguramente agradecido.
Sim, foi um dia normal. Obrigado.

25 junho 2009

Der König ist tot, es lebe der König.

23 junho 2009


20 junho 2009

till the shine wears off

What I deserved?
No better, no worse?



'cause along may come
a bigger one

14 junho 2009

the fog sets in

... and soon takes over.

04 junho 2009


Férias. Podia ser no campo, na praia - e mesmo até na neve. Mas pronto, não se pode ter tudo...
Vai ter mesmo que ser aqui.

28 maio 2009

talk the talk

Tenho um monte de ideias escritas num qualquer caderno mental sem nome, que nunca é guardado em lugar certo por andar constantemente a ser reescrito. A anotações mais recentes têm acontecido com maior frequência que no passado quer pelos resultados do auto-determinado exercício de análise, quer, ou talvez até principalmente, pelos acontecimentos a que ultimamente assisto - e, naturalmente, aqueles a que me permito. Em qualquer dos casos, tal nova escrita, para além de passar preferencialmente a constituir regra, obriga também, no mínimo, a colocar parêntesis à volta de, no máximo, a apagar totalmente outras ideias mais antigas.
Consolidadas as novas palavras, satisfeito com o formato da escrita, torna-se então necessário colocar em prática os princípios enunciados e as regras definidas, criando coerência entre o discurso e o exercício. Esta fase, inesperadamente complicada e difícil, cria momentos de tensão interna, originando novas batalhas e novos momentos verdadeiramente "descartianos", momentos em que vêm à memória imagens do nesnesitelná lehkost bytí, em que era o fraco que deveria saber ser forte e partir, porque o forte é demasiado fraco para poder ofender o fraco.

Walking the walk... and ever rewriting the talk.

26 maio 2009

I hope you have not been leading a double life, pretending to be wicked and being really good all the time: that would be hypocrisy.



Oscar Wilde

23 maio 2009

Não que seja contra a minha religião, mas confesso não ser adepto fervoroso destes desafios em cadeia, alguns deles quase a roçar o teor dos mails em cadeia (é assim que se chamam?), tipo "se não enviares esta mensagem a 17 grávidas no espaço de 2 segundos vais ter um filho igual ao Sócrates": not my piece of cake.
Nem o Sócrates, for that matter.

No entanto, por ter vindo de onde veio (und ich habe noch nichts von Dir gelesen), vou cumprir quase na íntegra as regras do jogo.
  • O dia em que me casei;
  • O dia em que fui pai;
  • O dia em que fui pai;
  • ...
  • O último dia em que me fizeram chorar.

E, fazendo minhas as minhas palavras, que usei na outra única vez em que respondi a uma coisa destas, afirmo não passar o desafio a mais ninguém: quero preservar os meus amigos.

fantasmas

Mesmo depois de ter conseguido esquecer quem deixou de ser, persiste o receio de que ainda seja capaz de exercer um qualquer controlo sobre nós - talvez porque um dia essa capacidade lhe foi conferida. Passam-se meses e anos, e esse medo, para além do razoável, sobrevive, impede de encarar e enfrentar essa realidade, inibindo até o (ainda que desnecessário) contacto.
E é disto que eles se alimentam. Os fantasmas.
Até que um dia, peito cheio, lá se agenda o tal confronto, afinal necessário; e nesse, três horas de conversa distante e de conveniência são suficientes para perceber que ao diabo, ainda que vestido de Prada, ou La Perla, ou lá o raio de marca em que gasta o dinheiro, já se pode dizer olhando olhos nos olhos e com toda a convicção: "Já não consegues fazer-me mal!"

20 maio 2009

amor aos pedaços

Nome de loja que vende doces, coisas que a dieta proíbe.
Agora conheço o conceito.

13 maio 2009

Do not despise the snake for having no horns, for who is to say it will not become a dragon.

11 maio 2009

façam-me um favor:

Nunca apaguem os disparates que me escrevem: são invariavelmente momentos de inigualável sinceridade.

again over capricorn

Prisioneiros algemados, um motorista de boca larga, receita para gato com batatas, receita para um irrecusável cuscus com manteiga, receita para peito de perua que não serviu de consolo - nem ao criador da receita, que não é pessoa de peitos, uma cadeira que fez cair de costas, tinto, cachaça, Sol, um bronze de meter nojo... Ficou por realizar uma visita guiada ao edifício da embaixada e um conjunto de outras actividades menos diplomáticas, para as quais terá que se recorrer ao auxílio de cidadãos de países terceiros: numa próxima ocasião.
O que interessa mesmo é que na memória fica um excelente fim de semana - e o Buda que se dane!

30 abril 2009

Sei de que me valeu.

27 abril 2009

palavras simples

Empossado pela razão que tinha (ou que entendi que tinha), situações houve em que reclamei por palavras, a que chamei de simples; outras houve em que reconheci o valor da simplicidade de outras, que me eram dirigidas.
Não menciono as que digo, nem as que disse e que terão causado semelhante impacto no receptor: por não fazer sentido a menção, ou, desejavelmente, por nem ter delas consciência, pela naturalidade com que foram proferidas.
Mas merecem seguramente menção aquelas que por distracção ficaram por pensar, as que por falta da cuidado ficaram por pronunciar. Porque, por mais que leve, por mais que solto, por mais que livre, por mais que falado e esclarecido, tenho sempre a responsabilidade de ter mais atenção a quem me quer e que comigo se preocupa. Não, não se trata de desinteresse ou de desrespeito, nem muito menos de desprezo, será apenas consequência da falta de consciência que tenho sobre determinadas realidades, das expectativas que se criam... e, claro, de atenção ao que muitas vezes se passa a uma distância pouco maior que a do meu braço.
Sei que de boas intenções está o Inferno cheio e que as consequências dos actos (ou da ausência deles) nem sempre são as que se pretendem: a meu favor, direi que não eram essas; e que este saco não está roto.

24 abril 2009


22 abril 2009

#1
Nem reparei que hoje é dia 22. :-)

20 abril 2009

4-3-?-?...

Voltei a ter nas minhas mãos mais uma chave... e, mais uma vez, não aproveitei.

Houve um em que a terra parou. Outro houve em que começou a rodar ao contrário.

16 abril 2009

Illinois?

13 abril 2009

águas mil

Mais um countdown para dias melhores. Os que estão sempre para vir.
E sim, haverá quem diga de novo que está "preocupado porque ele não está preocupado".
Porque não estou mesmo!

09 abril 2009

desporto

É claro que a vitória tem sempre um sabor mais doce que a derrota, não é natural que se goste de perder. Não sou excepção, gosto de sentir estar em vantagem, tenho prazer em chegar aos objectivos que traço, é evidente que sair vencedor é bem melhor que sentir-me derrotado. E gosto de desafios, dos difíceis, dos complicados, de ter contra mim todas as probabilidades, de ser o David nos duelos. E, mesmo em situações dessas, geralmente a vitória está ali, ao alcance da mão, basta jogar da maneira certa, ser arguto na definição da estratégia, ser hábil no desenho da táctica, ser bom observador e estar atento aos movimentos do adversário. Basta ser inteligente. Não me queixo.
Mas tudo perde o interesse quando a vitória se torna uma fixação. Nesse momento, a fonte de prazer torna-se em motivo de preocupação, perverte-se todo o sentido do jogo e deixamos de jogar pelo prazer de jogar, passamos a jogar apenas para ganhar. Ou para não perder. E eu, apesar de não me importar por não ganhar, apesar de em nada me importar de perder por uma boa causa, servir a quem vence, continuo a não gostar da derrota, vai contra os meus princípios. Não é a minha natureza.
É perder ou ganhar.
Tal como querer devia ser poder. E eu posso, sempre que quero; mas prefiro não ganhar a ganhar dessa maneira, que levem a taça numa bandeja. É a minha natureza.
E não, não espero que compreendam.

08 abril 2009

As três maiores mentiras da vida.
Quais são?

03 abril 2009

zombies

Esta merda deve suceder-se em ciclos.
Depois de meses sem quaisquer notícias de algumas das ex-pessoas da minha vida, eis que num espaço de apenas 24 horas sou assediado com telefonemas e com discussões telefónicas de que já quase não tinha nem memória. Não é a sobrevivência de tais personagens que me incomoda, que todos temos direito a viver: mas a insistência em não viver longe e, particularmente, em não deixar viver é algo que constitui fonte de forte irritação.
Sim, isto passa, daqui a umas horas já nem me lembro do episódio nem da forma como a cegueira desta gente sem carácter prejudica bystanders do mais inocente que há. Sim, daqui a umas horas já me passou; entretanto e enquanto não passa, alivia dizer, nem que seja só aqui, faz-te à vida e vê se deixas de viver pendurada em mim, já bastaram os anos em que viveste à minha conta.
Pronto, já está.

código da estrada

Artigo 84.º
Proibição de utilização de certos aparelhos
1 - É proibido ao condutor utilizar, durante a marcha do veículo, qualquer tipo de equipamento ou aparelho susceptível de prejudicar a condução
, nomeadamente auscultadores sonoros e aparelhos radiotelefónicos.
2 - Exceptuam-se do número anterior:
a) Os aparelhos dotados de um auricular ou de microfone com sistema de alta voz, cuja utilização não implique manuseamento continuado;
b) Os aparelhos utilizados durante o ensino da condução e respectivo exame, nos termos fixados em regulamento.
3 - É proibida a instalação e utilização de quaisquer aparelhos, dispositivos ou produtos susceptíveis de revelar a presença ou perturbar o funcionamento de instrumentos destinados à detecção ou registo das infracções.
4 - Quem infringir o disposto no n.º 1 é sancionado com coima de (euro) 120 a (euro) 600.
5 - Quem infringir o disposto no n.º 3 é sancionado com coima de (euro) 500 a (euro) 2500 e com perda dos objectos, devendo o agente de fiscalização proceder à sua imediata remoção e apreensão ou, não sendo ela possível, apreender o documento de identificação do veículo até à efectiva remoção e apreensão daqueles objectos, sendo, neste caso, aplicável o disposto no n.º 5 do artigo 161.º

02 abril 2009

9-6-16...

Ontem quase que tive acesso aos números do Euromilhões...

31 março 2009

pérolas

Há coisa de minutos, na recepção de uma oficina, um cliente solicitava um serviço à viatura dele. Coisa normal, revisão, mudar óleo e filtros, verificar luzes e Ah, é verdade, queria que vissem também o travão de mão, faz um barulho estranho, um amigo meu diz que o carro deve precisar de axilas, disfarcei um sorriso, são daquelas coisas que saem, ainda que não saiba o que é uma maxila o Sr. deve saber o que é uma axila, não faria uma confusão daquelas, confidenciava eu aos botões da minha camisa. Passaram talvez dois minutos, o confuso cliente dirigia-se para a porta e iria permitir-me comentar tal deslize com o pessoal da recepção, por favor despache-se saia depressa que o sorriso contido e surdo está a tornar-se em incontida gargalhada sonora, quanto mais penso nisto menos aguento, quando ele se vira, segurando a porta na mão, Muito obrigado e por favor liguem quando o carro estiver pronto, saiu e, lá de fora, temendo que não o tivessem ouvido à primeira, E não se esqueçam das axilas, que é o mais importante.
Explodi!

a raposa dentro de nós

Raposa matreira Foi-se pôr-se debaixo D'erguida parreira. Cos olhos num cacho Das uvas mais belas, Contando com elas; Armou-lhes três pulos, Porém autos nulos, Que não lhes chegou: De novo saltou, Mas teve igual sorte; Buscando outro norte, Num ar de desdém, Torcendo o nariz, Com gestos de quem Por más não as quis, Foi pernas metendo Com lépido passo, E disse entendendo, Qu'as outras a ouviam: Estão em agraço, Nem cães as comiam. Há muitos humanos Que seguem tais planos, Por coisas se empenham Que sôfregos querem, E delas desdenham Se não lhas conferem.



Esopo / La Fontaine

(Agradece-se a quem consiga acertar os parágrafos...)

the day the earth stood still

Foi em que data?

30 março 2009


Lucky?

28 março 2009

Ganhar e perder


26 março 2009

this mortal coil

Os anos e o peso deles; o tempo, essa dimensão imoral, que não pára nem perdoa. A memória, que se estende a décadas, abrangendo dois séculos; os que nos antecederam e desapareceram, uns no tempo justo, outros bem antes dele; os que nos sucedem, os filhos, que dizemos nos fazem velhos. Os netos...
Já fui avô. Relação afim, já assisti a esse estigma, já o senti em pele alheia, perto da minha. Dada a afinidade e os hábitos então vigentes, a voz infantil apenas proferiu o meu nome e não a relação que nos unia, pelo que ouvir pela primeira vez e sentir-me classificado como alguém a três gerações de distância...
Dizem que a verdade vem da boca das crianças; eu digo que não as educam.

25 março 2009

Não tenho por hábito ler blogs. Seguramente que faço mal.
E é um orgulho conhecer quem escreve assim. E assim também.

24 março 2009

quase por acaso

Os acidentes de viação, por menores que sejam os danos materiais que provoquem e mesmo na ausência de danos físicos, são sempre causadores de perturbações ao normal fluir do tráfego, tendo inevitáveis consequências para os demais utilizadores da rodovia.
Principalmente para os que não são inocentes.

23 março 2009

palavras simples

Se houve situações em que não cheguei a ouvir determinadas palavras que eram, afinal, aquelas com que queria ver recompensada uma qualquer atitude minha, uma outra, em que nada esperava receber em troca de um quase nada, acabou por ser generosamente remunerada.
Tal como seguramente não há almoços grátis, tão pouco existem jantares ao mesmo preço: mas saber que me tornei no "cozinheiro preferido" é certamente o maior e o melhor pagamento que alguma vez posso ter esperado.

20 março 2009

Quando a esmola é grande...

18 março 2009

coisas bonitas

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!


Estrela da Tarde
José Carlos Ary dos Santos

16 março 2009

over capricorn

Virtude de alguma alergia a transportes públicos, resisti durante algum muito tempo a aceitar o convite de um amigo, motorista de empresa pública dedicada ao transporte de pessoas, para uma boleia graciosa. Claro que as muitas horas a passar no veículo motivavam a persistência da recusa, mas a maior insistência no convite acabou por prevalecer.

Uma vez aceite, foi necessária uma sexta-feira de ausência no trabalho para tal deslocação. Asas para que te quero, não tinham passado nove horas sem que as asas do Niemeyer se pudessem vislumbrar lá do alto. Calor seco, betão sem tinta, alcatrão sem remendos, alguma estrada para fazer, convite para 2 jantares, o primeiro na asa norte, o segundo para lá da asa norte, do outro lado da água. Quedei-me pelo primeiro, quase tanta conversa quanto vinho tinto, a língua era comum, os sabores de idioma castelhano mas sotaque bem meridional, manteve-se o latim quando a cor da bebida clareou. O que não deixámos clarear totalmente foi o céu, que era tarde e dormir faz sempre parte dos planos de um qualquer fim de semana - mesmo de um menos normal.
Umas três horas de sono e outras tantas de Sol bastavam para recuperar algumas das forças e avermelhar partes habitualmente menos expostas, enquanto a hora de almoço se avizinhava e o feijão era confeccionado. Da da cana de açúcar produzem-se combustíveis biológicos, de odor quase enjoativo quando queimado; curiosamente, torna-se menos enjoativo quando a um outro derivado se adiciona o próprio e fruta. Embora as capacidades energéticas da resultante permaneçam teoricamente quase inalteradas, é necessária alguma energia adicional para conseguir manter o ritmo para o jantar, onde se regressava ao tinto lusitano, em jeito de balanço para um bar aberto (o clima a tal obrigava) num tal de AABB.
O dia dito do senhor começava cedo com o ponto mais alto da visita, vista e tal, em antecipação a novo repasto, desta vez em ambiente jovial - em estrangeiro acho que se diria mesmo gay.

Destino ao terminal dos transportes públicos, banco reclinado e dormir até casa. Um fim de semana sem gastar um avo de euro.
Só fiquei meio chateado por não me terem deixado guiar aquela coisa...

12 março 2009

tamagoshi

Por vezes, sinto que se não alimento este blog com um tanga qualquer ele pode acabar por morrer.

08 março 2009

in someone else's back

Haverá melhor?
E os avisos tinham chegado.


to be continued...

06 março 2009

B.A.U.?

No news still is good news.

04 março 2009

vozes do além

Nem sabemos de onde vêm, por que razão, nem com que finalidade.
Obras do acaso, que nos dão motivos para sorrir, que nos dão motivos para acreditar que existem janelas abertas por detrás das portas que se fecham. Que teimamos em tentar entender - não fossemos nós pessoas curiosas. Que se voltarão a fazer ouvir. Talvez.
Muita coisa em muito poucas palavras.

27 fevereiro 2009

obrigado

A falta de índices pode adensar o enigma?

26 fevereiro 2009

pedido

Não sei se são, não sei se não.
Mas sei que as ouvi, nas entrelinhas da fala, que as interpretei nos gestos das palavras: das que não foram ditas mas que me pareceu estarem mesmo ali, prontas a serem ditas. E que acabaram por nunca ser pronunciadas.
Eu respondi-lhes, adivinhado-as - ou julgando adivinhá-las, ainda que tardiamente, dando uma resposta que terá sido apenas entendida caso a pergunta tenha sido alguma vez formulada - ou simplesmente pensada.





Sim, tenho que me deixar disto.
Que esta sina de pensar que sei e entendo traz menos benefícios que mais.

22 fevereiro 2009

destino:

até ao próximo impossível.

19 fevereiro 2009

memórias

Mais concretamente, memórias de situações embaraçosas.
Foram naturalmente várias as que me aconteceram.

Como uma, numa visita de trabalho a uma cidade da Estremadura, em que, ao ser convidado para almoçar e ao perceber que o almoço seria num restaurante que eu conhecia, lembrei-me de tecer um comentário sem maldade sobre o busto de uma das empregadas, uma Dolly Parton de metro e meio cujo atributo ficava inevitavelmente na memória de qualquer comensal. Claro que me esqueci que este País é uma aldeia e da consequente probabilidade de a resposta do meu anfitrião ser "... é minha prima...".

Uma outra memória, uns anos mais antiga, que remonta aos meus tempos de ensino liceal. Durante uma aula, mencionei de modo menos elegante os progenitores e o uso a dar à zona final do intestino de um alegado colega que, pelas costas, me dava pesado um "caldo" no pescoço... para entender, depois de uns intermináveis segundos de silêncio que a mão que me agredia não era mais do que a do professor.

Outra ainda, esta mais recente, perante uns convidados para jantar, um amigo e a mãe dele, com quem naturalmente não tenho tanta confiança quanto isso. Por alguma razão e ao contrário do habitual, a quantidade de comida confeccionada ficou aquém do suficiente, facto que rapidamente colmatei com um acompanhamento extra, esperando que a falha passasse despercebida. Falhei na introdução de uma medida cautelar... e ouvi o meu filho dizer bem alto "Pai, fizeste pouco, o jantar não vai chegar para todos". Claro que se gerou o desagradável ambiente em que todos, por acaso e em simultâneo, têm pouco apetite. E acabou por sobrar.

Memórias de situações embaraçosas; mais concretamente, de uma em particular e uma particularmente embaraçosa, que não tem assim tanto tempo quanto isso.
Saído de um restaurante, depois de almoçar com uma amiga, ficámos uns minutos no exterior a apreciar o fumo de um cigarro - ok, dois cigarros, um cada um. Estando o tempo frio e chuvoso, sentámo-nos no carro, janelas semi-abertas para arejar, quando ela me diz precisar urgentemente de ir a uma casa de banho. Sugeri naturalmente que regressasse ao restaurante, onde poderia resolver a questão. Ela, teimosa (e acredito que algo ébria), entendeu que não seria o melhor modo de pôr cobro ao problema: saiu do carro e, em pleno parque...

11 fevereiro 2009

aquecimento global

Hoje, cá em casa.
Ok, não é global, é central, mas finalmente está mais quente aqui que na rua.
Com uns 2 meses de atraso

sol




... and those days are back!

10 fevereiro 2009

paradoxo

Num mesmo dia, estive perante quem de mim quer tirar tudo a que não tem direito e a quem eu nada quero dar... e frente a quem de mim nada quer, ainda que eu apenas queira emprestar.

08 fevereiro 2009

esperança

Ler o meu blog... dor de cabeça...
Talvez a escrita retorcida e complicada seja eu a tentar dizer o que me vai na alma tentando não me expor, talvez seja eu a tentar arrumar o que está cá dentro, desarrumado, uma desarrumação que transborda até aqui e inunda estas linhas. E se torna incompreensível, indecifrável. Talvez seja também por, por vezes, enviar mensagens directas e encriptadas a um só leitor. Sim, confesso, a uma só leitora. Por vezes.
Por isso, desta vez serei literal. Sem nada a esconder, sem rodeios. Como um dia, algures nestas linhas, eu tinha prometido.

Eu sei. Eu sei que tenho tendência para causas perdidas. Sem esperança. E para gostar delas e por as levar às últimas consequências. Sim, eu sei do que falo quando falo delas.
No momento em que tinha encontrado uma imensa tranquilidade, com tudo o que parecia estar e ser certo, eu tenha querido acreditar que ainda não estava no fim e que tinha que haver um princípio mais forte - porque, se não há dúvida que o fim tem que ser aquele e que qualquer relação deve caminhar para lá, tem que haver mais pelo caminho: muito mais.
E, talvez por acaso, talvez não, esse muito mais foi-me colocado no caminho. Esse tudo, essa causa perdida. Sem esperança.

Não sei qual é o caminho. Hoje, que conheci o princípio, sei como gostaria que começasse; hoje, sei onde gostaria que fosse dar; hoje, normal soa-me bem. Soa-me particularmente bem, particularmente num momento em que me sinto um verdadeiro anormal, um eremita que viveu de migalhas de afecto que vieram de um só lado. Bem... veio de mais do que de um lado, devo confessar, que a cegueira (a minha) não foi assim tanta e há que dar crédito a quem o merece - e a quem, depois de tanto dar, ainda agradece o pouco que recebe.

E se sobrevivi a tudo aquilo a que já sobrevivi, esta é fácil. Mesmo.
Mais que muitos que o afirmam, eu sou um gajo flexível, recupero bem, mais ou menos amolgadela, lá estou a levantar-me depois de cair - e nem sei se cheguei a cair. Porque se há uma conclusão tirar de cada queda (ou de cada quase queda) é que facilmente está lá alguém antes do tropeção, de mão dada, que talvez até nos empurra até ao cambaleio: mas no momento de recuperar, de continuar, estamos quase sempre sós e é connosco que temos que contar. Só.

E não, não é o fim, nem sequer o princípio do fim; mas é certamente o fim do princípio.
Com esperança.


Yet to come

06 fevereiro 2009

sweet & sour

Há dias de merda, em que até para estar vivo é necessário fazer um esforço. Particularmente nesses dias, os finais de dia são particularmente complicados, são horas em que a sobrevivência parece ser questionada.
Depois, há uma voz aparentemente insensível que me diz na cara um conjunto de verdades, que diz sem medo o que pensa e o que sente, que me permite olhar para dentro como se me estivesse a ver de fora. E restitui-me o sorriso.Sour but sweet.
Obrigado :-)

04 fevereiro 2009

La Fontaine

Não faz sentido mencionar este jurista-escritor sem falar do dia em que o Leão encontrou o Dragão e lhe espetou quatro lanças, atirando-o para fora da arena.

robin hood

Há quem tenha tudo, há quem tenha nada, há quem tenha mais ou menos.
Geralmente, quem tem tudo nem sequer imagina que há quem tenha menos e muito menos imagina que há quem nada tenha. E segue descansado, sem sequer imaginar que, do lado de onde observa o Mundo, existe tudo e nada lhe falta, taking it for granted, numa de "a vida é assim mesmo" e nem sequer sentindo ou tendo consciência do privilégio da situação em que vive.
Pena que a vida real não seja como nos livros de ficção e não exista um herói, um daqueles mitos que tira aos ricos para dar aos pobres, ou um Jean de La Fontaine, que escreva nova fábula em que a Anta e a Avestruz se encontram na floresta (que até podia ser urbana) e vivam juntos e felizes para sempre. Ou, apenas, que vivam felizes para sempre.

Há quem tenha tudo, há quem tenha nada, há quem tenha mais ou menos.
E há quem tenha tudo o que eu gostaria de ter.
Anta...

:-)

03 fevereiro 2009

Há momentos em que é difícil saber. Saber mesmo.

enigmático...

Talvez não fosse fácil de cumprir, mas o pacto era simples; talvez até demasiado simples.
Mas, talvez como em todos os pactos, um dia uma das partes acabaria por quebrá-lo. A cláusula primeira. Talvez por isso mesmo, por ser demasiado simples e as coisas demasiado simples causam confusão: ninguém acredita que são assim tão simples e fáceis. Nem grátis. E, afinal, as coisas difíceis e as que mais custam acabam por ter mais sabor, não é?
Aparentemente, cumprir a cláusula segunda era tarefa mais complicada. Nem que fosse pela injustiça que tal obrigação auto-imposta configurava. Ainda assim, o cumprimento desta foi totalmente escrupuloso, tendo inclusivamente havido lugar a um agravamento voluntário e unilateral das obrigações.
O resto? O resto é história. Que talvez seja um dia transcrita e talvez um dia possa ser lida.
E talvez eu venha a conhecer a versão oficial do final que ainda desconheço. Verde no castanho.

Eu espero.
Mesmo que não seja fácil.

28 janeiro 2009

Nem sempre um pássaro na mão.

27 janeiro 2009

querido diário

Faz tempo que não deposito nenhum dos meus segredos aqui nestas tuas páginas.
Faz ainda mais tempo que não tenho segredos decentes para aqui depositar, daqueles que alguém goste de ler. Ou antes... até tenho, mas olha, são mesmo segredos, daqueles mesmo secretos, e escolho não os compartilhar - contigo, claro, que eu não sou do género de guardar segredos, há sempre quem os oiça ou leia.
Mas espero que um dia, que eu prefiro surja em breve, eu tenha segredos para contar, daqueles segredos que podem mesmo ser contados e que eu gosto mesmo de contar. Que eu prefiro seja um daqueles segredos que te faça saber que me aconteceu - ou que me foi possível acontecer - aquilo que eu tanto espero.
É verdade que quem espera, desespera; mas é também verdade que quem espera sempre alcança, e dos dois ditados eu escolho o segundo. Porque eu sei que mereço.


Até breve.




Este post ficou um bocado para o gay... fez-me pensar que o título até poderia ser "se eu fosse gaja até que escrevia uns posts engraçados"

20 janeiro 2009

the pros(?) and cons of hitchhiking


why don't you give it a try?

bacon & eggs

Apesar de demasiadamente rica em proteínas e lípidos, constitui ainda a base de muito pequeno almoço lá do outro lado do canal.
Na verdade, se apenas com ovos se pode fazer uma refeição, já o bacon isoladamente de pouco ou nada serve. Por outro lado, se a energia fornecida pelo ovo pode ser incluída no leque das renováveis, sendo gerado de modo repetido pela ave poedeira, a proporcionada pelo bacon provoca um muito maior desgaste no suíno que o fornece.
Para evitar tais desgastes, tantas vezes ingratos e fúteis, mais vale que nos armemos em parcos que em porcos.

15 janeiro 2009


rollercoaster

Mais do que fazer minhas as minhas palavras, farei também minhas as que não o são.

12 janeiro 2009

status quo

Mudam-se os tempos...

Há um qualquer alergia à mudança, própria do ser humano, que nos impede de tentar diferente, de procurar mais, melhor. Mesmo quando uma grande probabilidade de melhor, nem que seja de um tranquilamente melhor, nos entra pela porta.
Não procuramos um novo emprego, ao menos neste sei com o que conto e até recebo o salário no final do mês, ou se procuramos é sempre com alguma timidez, sem uma verdadeira convicção, vamos sistematicamente àquele restaurante, conheço bem o bife e o molho, por que hei-de ir àquele outro, nem nunca lá entrei, usamos aquela marca de detergente para a roupa... ou aquela roupa...
Confesso fazer parte desta maioria de seres pouco corajosos, ou comodistas, que preferem passar ao lado de oportunidades que ter o trabalho e o incómodo de tentar e lutar por algo de melhor, de mais satisfatório, perpetuando a incerteza - ou a certeza do não saber e da insatisfação. Para o bem e para o mal, mas de certeza que felizmente, deixei-me dessas coisas, desses comodismos incómodos, e não vou deixar de querer saber.

Porque devem ser sinais, talvez mesmo sinais do tempo, que mesmo que mudem os tempos algumas vontades nunca mudem.

08 janeiro 2009

Eu tinha razão: não chove nem faz orvalho.

02 janeiro 2009

eulogy?

Tinha uma enorme capacidade de entrega, estava sempre lá quando era necessário, pronto para dar, dizia frequentes vezes ao telefone “Queres que vá ter contigo? Diz-me onde estás…” e bastava uma resposta positiva, estivesse onde estivesse largava tudo (julgo que tudo não é um exagero) e aparecia, talvez até com uma garrafa na mão, ou com um chocolate, qualquer coisa que fizesse despertar um sorriso ou enxugasse uma lágrima do outro lado.
Sei que era meu amigo, que gostava de mim; mas, e digo-o sem qualquer tipo de inveja, sem que me tivesse tratado ostensivamente mal, nunca me tratou do mesmo modo que aos demais, muitas vezes me deixou ficar para um segundo plano. Não me lembro que alguma vez isso me tivesse incomodado, sequer, sempre compreendi as escolhas que fez – afinal, eu precisava menos que os outros, julgo que por ele me considerar mais forte, mais auto-suficiente, e não precisar do tal chocolate nem da tal garrafa.
Nunca entendi o que o motivava, no entanto, nem nunca percebi que procurasse mais que a satisfação de ver enxutas as lágrimas ou de saber que o sorriso tinha sido obra dele; talvez procurasse reconhecimento por tais acções, talvez fosse uma forma de expiar algo do passado dele, que talvez nem ele compreendesse. Ou talvez fosse apenas o modo particular que tinha e o único que encontrava para tentar comprar aquilo que sentia não conseguir ter de modo gratuito – muito embora me queira parecer que jamais o conseguiria, pois preenchia imediatamente tudo o que uma vez foi espaço para conquista.

Já não sei dele há algum tempo, tem andado metido com ele próprio.
Da próxima vez que o vir, espero que esteja mudado. Porque aquele modo de ser não lhe traz qualquer benefício. Nem lhe faz bem algum.