30 setembro 2008

saber calar

29 setembro 2008

rollercoaster

De que vale programar, planear ou agendar futuros, quando a maioria das coisas que acontecem acabam por parecer mera obra do acaso, aparentam ser motivadas por externalidades e são realidades sobre as quais não temos controlo?
As verdades que num dia são inquestionáveis rapidamente se transformam em dúvidas e podem até tornar-se em certezas - mas de uma verdade inversa à que estávamos habituados, ou com a qual contávamos. Talvez também por isto a verdade continue sem existir, a ser uma mera imagem que vamos criando dentro de nós e que nos permite ir vivendo na ilusão de que existem algumas garantias, ou, pelo menos, aquelas realidades que gostamos de ter como tal: não, a realidade de tal modo não existe que todos os dias acordamos para uma nova, que nunca esperámos ou que, se alguma vez imaginada, era cenário pouco provável.
A única defesa que existe é mesmo olhar de modo distante para nós mesmos e acreditar que é apenas o cenário que nos foi alterado e que temos a capacidade para suportar as intempéries que nos colocam no caminho, ser imparcial no modo como avaliamos a tal realidade involuntária com que nos deparamos e dizer para nós mesmos que o futuro será brilhante. Só poderá ser!

what now?

It is a mistake to look too far ahead.
Only one link in the chain of destiny can be handled at a time.



Winston Churchill

26 setembro 2008

coisas bonitas

Os teus olhos; a cor dos teus olhos, o brilho que eles mostram ao olhar para mim.
A tua boca, quando sorri; os teus braços, que se eriçam ao meu toque, à minha palavra.
O teu sorriso, que te ilumina o rosto, que ilumina o meu rosto e a minha alma.
As tuas mãos, a puxar o cabelo para trás, para cima; o teu cabelo, que me bate na cara; o teu peito, que fica ali, tão perto do meu beijo. As tuas pernas, que se abraçam a mim, que me pedem para te ter; o teu corpo, que geme quando eu te tenho, que se contorce e me pede para te ter mais. Os teus olhos; a cor e o brilho dos teus olhos.
Tu.

my nature

Uma palavra pode alterar a tomada de decisão sobre um fim de semana no Algarve.
E esta sim, seria das mágicas.

25 setembro 2008

mother nature

Um cogumelo pode facilitar/influenciar a tomada de decisão sobre um fim de semana no Algarve.
E não, não é dos mágicos.

23 setembro 2008

os círculos do vício

Decidi lixar a segurança social e tentar contribuir para o aumento da longevidade: comecei hoje as minhas visitas ao ginásio...
Depois de uns cobardes 20 minutos de bicicleta e de uns mais heterossexuais 30 minutos agarrado ao ferro (decidi parar por ali, primeiro dia, convém sobreviver e tal...), e para que amanhã me sobrem mais uns minutos de sono, aproveitei o facto de ter comigo o kit de barbear para escanhoar a face... e não só: pode dizer-se que me estiquei... Muito.

A boa notícia (única, para já) da prática do exercício físico é que perco totalmente a vontade de fumar; no entanto, ganho algum apetite adicional: tudo bem, parece-me facto normal, dadas as calorias consumidas naquele processo.
A porra toda é que me dá uma enorme vontade de fumar depois de comer...

"pai, carrega-me o telefone"

Já ouvi esta frase. Já ouvi até frases mais elaboradas, do tipo "pai, não tenho dinheiro no telefone, assim não te posso ligar...", como se alguma das chamadas alguma vez feitas fosse para o meu número. Geralmente, fico meio zangado com estas pedinchices e faço-me difícil, digo que não carrego, que não tenho vida para andar a pagar estes vícios de adolescente e as restantes frases que fazem parte do glossário de um pai.
Agora ouvir de um adulto "eu quis ligar, mas não tinha crédito no telefone..." não me parece nada bem... Mas pronto, está carregado.

22

Parece que estou definitivamente livre. Ontem foi a prova!

22 setembro 2008

preto no branco

(será mais um quase branco sobre um castanho - ou cinzento, dependendo do ecran)

Porque eu já tentei dizer uma e outra vez que o que para aqui vai é meu, que me reservo o direito de distorcer situações factuais, de as deturpar ou mesmo de as inventar, sem qualquer segunda intenção - geralmente. Mas garanto que a intenção que vem em segundo lugar, se vier, será sempre correctamente entendida pelo correcto destinatário.

Convidei-te para almoçar comigo? Não? Dei-te boleia nesse dia, por acaso?
Então não tens que te preocupar.

playin' God

Numa tentativa de replicar aquela história de caminhar sobre a água que vem descrita num livro antigo, agarrei-me a um cabo e tentei manter o equilíbrio. Logrei preservar a posição vertical durante um par de minutos de cada vez, não sem antes ingerir uma quantidade apreciável daquele líquido acastanhado - não sei se na versão original seria avermelhado... - e, como a quantidade de testemunhas era baixa (e convenientemente anónima), preservei também a postura. Fica a vontade de repetir a proeza, mesmo que agora, quase vinte e quatro horas volvidas sobre a consumação do milagre, as dores musculares sejam quase visíveis de tanto sentidas.
Que isto de querer ser divino tem que se lhe diga...

19 setembro 2008

Sei de que me serviu!

18 setembro 2008

a day at the stores

Fashion is a form of ugliness so intolerable
that we have to alter it every six months.



Oscar Wilde

17 setembro 2008

Estrelas de mil cores...

medidas de coacção

Em Portugal vigoram as medidas de coacção de termo de identidade e residência; caução; obrigação de apresentação periódica; suspensão do exercício de funções, de profissão e de direitos; proibição de permanência, de ausência e de contactos; obrigação de permanência na habitação e a prisão preventiva, que é a mais grave.
O termo de identidade e residência é aplicado pela autoridade judiciária ou pelo órgão de polícia criminal a todo aquele que for constituído arguido. Este indica a sua residência, o local de trabalho ou outro domicílio à sua escolha.
Fica com a obrigação de comparecer perante a autoridade competente ou de se manter à disposição dela. Não pode mudar de residência nem ausentar-se dela por mais de cinco dias sem comunicar outra residência onde possa ser encontrado.
(...)
A proibição de permanência, de ausência e de contactos ocorre se houver fortes indícios de prática de crime doloso punível com pena de prisão de máximo superior a três anos. O arguido fica impedido de permanecer na área de uma determinada povoação, freguesia ou concelho ou na residência onde o crime tenha sido cometido, ou outras.
Pode ficar ainda proibido de se ausentar para o estrangeiro, sair da povoação, freguesia ou concelho do seu domicílio. De contactar com determinadas pessoas ou não frequentar certos lugares ou certos meios. Esta medida de coacção pode ser aplicada em conjunto com outras.
A obrigação de permanência na habitação, a que geralmente se chama prisão domiciliária, pode ser aplicada quando existem fortes indícios de prática de crime punível com prisão de máximo superior a três anos. Para fiscalizar o seu cumprimento pode ser usada a pulseira electrónica.
Quando as medidas anteriores são consideradas inadequadas ou insuficientes, opta-se pela prisão preventiva. E no caso de se ter praticado crimes puníveis com pena de prisão de máximo superior a três anos.
(...)

Antes da festa...

16 setembro 2008

urgente ou importante?


Aquele sms tinha um som urgente.
Ele demorou talvez um minuto a acreditar que a Ana vinha mesmo a caminho. Acendeu o cigarro e, ainda hesitante, saiu. Foi fumar para o passeio com os olhos postos no início da rua, à espera de a ver a chegar, conduzindo apressadamente - ela conduzia sempre apressadamente.
Finalmente, ela apareceu no topo da rua. Ele nem queria acreditar...
Desde aquele dia em que pensou tê-la perdido para sempre tinham passado algumas semanas, tempo suficiente para que ele tivesse tido a oportunidade de sublimar aquela sensação de derrota que o acompanhou durante dias. Desde aquele dia, tinham passado semanas também de esperança, ele nunca ira acreditar que alguém pudesse deitar fora toda aquela emoção, aqueles sentimentos, explícitos e implícitos.
- Não acredito que estejas aqui: que foi que te passou pela cabeça?
- Entra!
O carro não tinha andado mais do que 100m e o telefone dela tocava, arrancando-os à força daquele momento de sonho.
- Eu saio, fala à vontade...
...
De volta à realidade...


Mas nunca mais nada voltaria a ser como até então.

se eu fosse gaja...

... não confiava em mim.

Porque eu sou daqueles que dá o litro - 10 litros, se conseguir - para ter o que sei existir; que não me arrependo de os dar. Que dou, mesmo sabendo que não posso dar, que não podem aceitar o que tenho para dar. Não faço outra coisa... é a minha natureza...

Se eu fosse gaja, não confiava em mim, que o pobre (e mesmo o rico, para o efeito) desconfia perante tal oferta, demasiado grande para ser verdadeira; mesmo sendo verdadeira, mesmo quando é verdadeira.

Se eu fosse gaja, punha-me as malas à porta no momento em que descobrisse a verdade; e a verdade é que aquilo que dou não vale exactamente o que parece. Talvez nem o que sou...

Se eu fosse aquela gaja... punha-me as malas à porta: as malas dela à minha porta. Que eu pedia-lhe para entrar e para não voltar a sair.



se eu fosse gaja?

Punha-me as malas à porta.

15 setembro 2008

o valor das coisas

Dizem-me (disseram...) que tenho uma relação estranha com o dinheiro (não era bem esta a frase, mas não estou a deturpá-la). Admito.
Sinto que na nossa viagem por esta vida não somos donos de nada, somos apenas quem usa, quem, durante algum tempo, conquista o direito de utilizar determinados bens que... estão por cá. Que se consomem, se caducos, que ficam por cá, se mais duradouros; mas que nunca são nossos. Por isso, faço um uso perfeitamente abusivo daqueles bens que foram colocados à minha disposição, quer os que me chegam graciosamente, mas principalmente dos outros, aqueles cujo acesso me custou a obter. De um modo geral, dinheiro. Não que tenha assim tanto, mas pronto...
Gasto, de modo quase indisciplinado: comigo, no que me dá prazer, acarinhando-me com aquelas coisas que me fazem sorrir - mesmo quando sei que o prazer que elas me dão é momentâneo, que vai, mais cedo que tarde, desaparecer. Gasto, de modo quase desinteressado: com os outros, quando sei que lhes dá prazer. Gasto dinheiro, sim, muito, tanto que nem é bom pensar nisso; mas também tempo, que ainda tenho menos que dinheiro, e, por vezes, até suor (haverá quem diga que isso até me fará bem...). E isto, na minha estranha teoria, não constitui qualquer forma de altruísmo ou desinteresse, bem antes pelo contrário, é egoísmo no estado mais puro que possa existir: o maior prazer é mesmo meu. Garanto.
Porque se aquilo que por aqui vou usando não são coisas minhas, há outras que são apenas minhas e das quais não quero sequer pensar em abdicar: os sorrisos que vou vendo nas caras de quem está do outro lado... nem que para tal tenha ir por caminhos verdadeiramente obscenos.... Porque o prazer que disso retiro não se mede em euros.

o prazer da viagem



Destino desconhecido, a próxima etapa adivinha-se...











Eu gosto de curvas.

"Não preciso que me prometas que vais gostar de mim a vida toda.
Basta-me que gostes."



Frase lida no correio sentimental de um jornal de província, algures na Beira, algures em 2003

12 setembro 2008


11 setembro 2008

9-eleven

"We will rebuild. We're going to come out of this stronger than before (...).
The skyline will be made whole again."




Rudy Giuliani, New York City's Mayor
September 11th, 2001, after the fall of the WTC towers

se eu fosse gaja...

Um convite para almoço num dia de trabalho.
O restaurante... bem, vai ser uma surpresa, tinha-lhe prometido, não lhe disse onde nem qual.


Não sei se ela irá entender, mas a surpresa começa pelos sapatos...

Faremos uma pequena viagem de carro, uns 15 minutos, até a uma praia perto da cidade. No parque, paro o carro e abro a bagageira - não para a meter lá dentro, que esse teste já foi ultrapassado, mas para lhe revelar a outra parte da surpresa:
um frapé com um Moët gelado, dois flutes e fingerfood: tostas, salmão fumado, morangos... é verdade, não me posso esquecer dos doces, para um final decente. Claro, não vai dar para café, mas não se pode ter tudo.




Será que alguma mulher consegue resistir a um tratamento destes...?
Se eu fosse gaja? Casava-me comigo, caraças!









10 setembro 2008

fitness

Ontem ao final da tarde, por ter chegado demasiado cedo a um encontro, passei uma meia hora junto ao Tejo, uns 500 metros a jusante da ponte.
Durante esse período de tempo, contei 183 atletas, que andavam, corriam ou pedalavam ao longo da margem do rio (na verdade, não contei, não tive paciência, mas eram imensos). Dos mais diversos escalões etários, usando as mais diversas indumentárias, homens, mulheres e... bem... pessoas de todos os tipos, julgo que com o fito de melhorar a condição física - e, na verdade, uma grande maioria precisa mesmo, a julgar pelo aspecto.
Não entendo esta necessidade: esforçam-se, cansam-se, suam, fazem figuras ridículas, pelos gestos que descrevem com os braços enquanto "aquecem" antes da corrida, ou pelo modo como fazem flexões nos bancos do jardim, vestem-se com peças de roupa que eu não usaria para lavar o carro... e tratam de comprometer o futuro das gerações vindouras?
Será que as pessoas não têm a consciência de que o exercício físico contribui para a não ocorrência de doenças e para um eventual aumento da esperança de vida? Não têm a consciência de que a população está a envelhecer e que caminhamos para a falência do sistema de segurança social? E, tendo esse conhecimento, continuam a correr, andar, pedalar e a contribuir para que os nossos filhos tenham que nos sustentar até aos 108 anos, para que o estado dilate a idade de reforma para conseguir poupar nas pensões?
Não contem comigo: a minha consciência social impede-me de tais atitudes.

08 setembro 2008

que me importa?

07 setembro 2008

still on about shoes

42 - there must be something more

















You didn't get to heaven but you made it close

06 setembro 2008

de passagem

A ferrovia foi durante cerca de um século o meio de transporte mais utilizado e aquele que permitia aos viajantes percorrer grandes distâncias de modo confortável.
Na época, virtude do ainda fraco desenvolvimento tecnológico e à consequente baixa eficiência das máquinas, as viagens eram longas e morosas, sendo amiúde necessário efectuar paragens em locais estratégicos, onde o comboio reabastecia de carvão e água e onde os passageiros podiam, durante um curto período, retemperar forças.
Nas estações onde tais escalas decorriam os passageiros usavam os lavabos, tomavam uma bebida e eventualmente uma pequena refeição; aproveitavam ainda a pausa para esticar as pernas, andando ao longo da plataforma e para comprar uma pequena recordação da zona, ou para enviar um postal para casa.
Estas estações eram aparentemente limitadas em recursos. Frequentemente situadas em locais remotos, sem grande interesse sócio-geográfico, mesmo que detendo por vezes alguns aspectos pictorescos dignos de registo e que poderiam despertar certos apetites aventureiros, por regra não permitiam aos passageiros sequer pernoitar, pelo que raramente (se alguma vez) um viajante ficou famoso por ter decidido encurtar a viagem, tendo passado a residir num tal lugar - nem mesmo aqueles que, inspirados pelas virtudes do local e pelo cansaço da jornada, tenham hesitado e ficado apenas por um instante.
Poder-se-á alegar que a responsabilidade por tais decisões recaía na importância que o destino tinha para os viajantes, ou ainda que o prazer da viagem que cada um tinha empreendido os inibia de sequer ponderar em qualquer aventura dessa natureza; na realidade, era a estação que falhava em promover a qualidade dos serviços prestados, as virtudes do local, a hospitalidade das gentes, da gastronomia e, acima de tudo, a vida despreocupada e livre que se poderia desfrutar no lugar.
Ou, de um modo muito mais simples: aquele sítio era mesmo uma merda.

02 setembro 2008

stand by

Por uns dias.
Até já.

01 setembro 2008

depois se vê...

Dois irmão, um pessimista, um optimista.
O pai deles, por ocasião do Natal, oferece uma bicicleta ao pessimista. Este, ao ver a prenda que lhe calhou, diz ao pai:
- Sabes pai... uma bicicleta pode ser um objecto com muitos problemas: os pneus têm furos, a corrente salta, pode causar quedas, com fracturas de membros, o esforço físico a que obriga pode causar danos físicos ataques cardíacos... quem sabe, pode inclusivamente causar a morte de quem a usa... Mas pai, obrigado, a sério que apreciei o teu gesto...
Na mesma ocasião, o pai oferece ao filho optimista um balde, cheio de bosta. Este, ao olhar para a prenda, salta de alegria e desata a correr, dirigindo-se ao exterior da casa:
- PAI, PAI, ONDE É QUE ESTÁ O CAVALO?

perfeito?

Absolutamente.

in my own shoes

Maybe not today, maybe not tomorrow, but soon and for the rest of my life.
In the meantime, I'll just keep tiptoeing proudly on my barefeet: it will pay.

in someone else's shoes - (provisional) epilogue

Fazia uma pergunta sobre o próximo passo.
Foi dado, com muitas incertezas, com ainda mais convicções, mas principalmente apoiado em princípios: e estes ajudaram a encontrar o passo seguinte ao tal próximo que procurava e que tenho a certeza de ter sido o certo. Do qual muito me orgulho.
Mesmo que ainda não saiba de que me serviu...