24 novembro 2010

dixit

"How can he not love you?"


anónimo devidamente identificado

23 novembro 2010

красива

She, who sits by my side.

16 novembro 2010

augenblink

Aqui, de negro, apenas a noite, que ainda assim é interrompida quase todas as noites por uma sequência ritmada de relâmpagos, que a tornam clara como o dia.
A cor predominante é o azul, profundo, a contrastar com as árvores vermelhas, e vem com um aroma magnífico que faz esquecer o habitual fedor que as doze horas de Sol sempre intenso faz flutuar no alcatrão quente das ruas.
História de encantar ou não, encantado ou não, tenho ainda imensa dificuldade em acreditar na verdade dela. De tão verdadeira que é.

09 novembro 2010

no promises

08 novembro 2010

aquele abraço

Quando num dia como aquele, em que vamos fazer uma viagem destas e encetar uma etapa como esta, parece-me que resumir num sms “que tenhas um bom dia, faz boa viagem e que tudo te corra bem por lá” é motivo suficiente para desistir.
Foi o que fiz. Com maior sucesso do que desistir do tabaco.
Passaram-se meses até que rumei de volta para matar saudades daqueles de quem mais gosto. E, mesmo passados todos estes meses e apesar de todos esses meses depois da minha decisão, apesar da minha decisão, estive todos os dias tentado a restabelecer o contacto, a falar, a dizer “estou cá” para poder abraçar aqueles que, consta no BI, são os que me são mais próximos.
Uma vez “cá”, os dias passavam e eu hesitava, até perceber que, mais do que abraçar, o que eu queria era mesmo era que me abraçassem – mais uma vez, era só isso que eu queria. E percebi que não valia a pena, que esse abraço, por mais que eu peça, por mais que eu fuja, por mais que eu me lamente, por mais que eu sofra, aquele abraço não iria chegar. Não chegou há um ano, quando fui a correr quando me chamaram, quando tinham pressa para despachar a conversa; não chegou há dez anos, quando daquele processo destrutivo e doloroso, em que era mais importante preservar a imagem junto da empregada; não chegou ainda há mais tempo, porque não era preciso, porque “um homem não chora”.
Aquele abraço não iria chegar.
Foi o que fiz, desistir.
Porque não basta que eu queira, não basta que eu precise, não basta que eu peça: é preciso que do outro lado me queiram, é preciso que do outro lado entendam que eu preciso. Seria até bom que do outro lado precisassem, mas parece que não, estão bem assim, muito obrigado, são menos telefonemas que se fazem, basta um sms, basta esquecer, afinal há mais, daqueles que precisam, daqueles que fazem por precisar. Ou por um par de tostões.
Do outro lado, desistiram.

Por isso, foi o que fiz, até com maior sucesso do que com a desistência do tabaco.
E ao menos esse diz explicitamente no maço que faz mal. Não tem a obrigação de gostar de mim.

07 novembro 2010

coming through in waves

Now I've got that feeling once again, I can't explain you would not understand.
This is not how I am.

01 novembro 2010

close your eyes...

Quis ir ver o Negro, mas mesmo ficando perto não lhe cheguei a ver a cor - dentro do longe onde fui era demasiado longe para o tempo que tinha.
Mas sei que o céu era de um azul forte e que as árvores brancas, iluminadas por um Sol radioso, iam deixando cair pedaços de açucar; que havia uma fonte de água quente a contrastar com a atmosfera gelada; que havia gelo no pavimento das ruas, mas havia uma chama eterna a manter o calor vivo - ou, em estrangeiro, an eternal flame.
Continuo sem saber bem do que se trata, se é ou não uma história de encantar: sei que estou encantado com ela.
E agora o verde espera por mim, solitário até que o azul me reencontre.  

14 outubro 2010

and at the end of the day?

13 outubro 2010

if you don't like something, change it; if you can't change it, change your attitude

Já há que tempos que não lhe dava atenção. Conversámos um pouco, deu para perceber que está na mesma, não mudou praticamente nada...
Disse-lhe que devia mudar; ou, pelo menos, tentar mudar, que já muitas vezes experimentou deste modo e já devia saber que não funciona, que não há mais esperança naquele modo; devia mudar, até porque os anos passam e as segundas oportunidades, principalmente quando tentadas pela quadragésima oitava vez, um dia acabam e podem não voltar - mesmo que olhe para trás e tenha uma tremenda dificuldade em aceitar que estivesse errado e que não tenha procedido bem.
Olhei-o fixamente, como que em desafio, quis ver o que ia por detrás daquela cara medonha onde se esconde, dentro daqueles olhos zangados, que já sei que nestes momentos não me olham nos meus. Aproveitei aquele momento em que me olharam a direito e perguntei-lhe; então, os olhos acenderam-se por um instante e respondeu-me:
"Eu sei, tenho que tentar mudar. Estou farto de perder e desta vez quero mesmo ganhar".

11 outubro 2010

Most of the things worth doing in the world
had been declared impossible before they were done.



Louis Dembitz Brandeis 1856-1941

10 outubro 2010

efemérides

You see me waiting for you
on a corner of the street.

07 outubro 2010

a parte de trás das árvores

Lembro-me de, numa das distantes aulas de Ciências da Natureza da Instrução Primária, naquilo que agora deve constituir qualquer coisa como o Estudo do Meio no Primeiro Ciclo, ter aprendido a determinar o Norte através da observação do tronco das árvores - embora não me tivessem então explicado que tal técnica funciona apenas no hemisfério norte e acima do paralelo 24. Fora este conhecimento, totalmente inútil, diga-se, já que nunca determinei o Norte daquele modo, não me recordo de ter alguma vez aprendido qualquer outra técnica de orientação que inclua árvores, pelo que a expressão "vou ali atrás daquela árvore" sempre me causou enorme estranheza e uma curiosidade proporcional: como determinar com exactidão a parte de trás - ou da frente, ou um dos lados, para o efeito - de uma qualquer espécie arbórea.
Devo admitir que, em tempos idos e na falta de melhor, chequei a dedicar algum tempo ao tema e, embora sem nunca ter defendido tal tese, considerei enverdar pela observação da abordagem de um canídeo, já que, em hipótese, um cão não tem vergonha, pelo que não teria qualquer tipo de hesitação em utilizar a parte da frente da árvore. No entanto, sendo os nativos da cidade da minha mais recente morada igualmente desprovidos de vergonha (não que tenham mais traços comuns, a comparação não tem qualquer sentido depreciativo), larguei definitivamente quer a teoria, quer a vontade de a testar: a teoria, pois a ausência do embaraço faz com que usem indistintamente qualquer quadrante da planta; a vontade de a testar, dado o elevado risco de náusea pelo simples facto de passar a menos de dois metros de qualquer árvore nesta terra.
Não obstante não conseguir obter uma resposta à questão, sei que procurei já e com sucesso as traseiras de diversas espécies vegetais de grande porte: para me esconder, nos jogos de criança, para me defender do calor, em momentos de Sol intenso, para me proteger de carros em potencial despiste, ao assistir a provas desportivas, para me resguardar de olhares indesejados, ao tentar um beijo, ou simplesmente para lá ir, em momentos de aperto; não obstante o aparente sucesso na procura, a ausência de resposta à minha questão continua a produzir alguma perturbação - mental, ao que parece.

79 horas sem fumar... devo estar na fase do delírio...

06 outubro 2010

51 horas

Nada fácil...

05 outubro 2010

30 horas

Não está a correr mal...

second thoughts

No meio do exílio a que me sujeito, claro que tenho muitas e boas razões para querer voltar a casa.
E (pelo menos) uma para não querer.

30 setembro 2010

this is my message to you

And then one little bird pitch by my doorstep, singing sweet songs of melodies pure and true...



 
All birds have wings; only a few can fly.

29 setembro 2010

mais frangos

Esbarro com todo o tipo de pessoas.
A algumas, por nelas acreditar, talvez por demasiado crédulo, dou aquilo entendo que devo dar, que é, dentro das minhas evidentes limitações, geralmente muito: importância, atenção, dedicação - e informação. Para o bem e para o mal.
Infelizmente, é apenas depois do dia em que não posso mais dar e em deixo de dar - porque deixou de existir motivo e motivação para tal - que verdadeiramente se revela quem recebeu: pela pouca memória que demonstra sobre o que efectivamente recebeu e pela demasiada sobre aquilo que lhe foi confiado, usando-o. Para o mal.
Esse mal, para o qual talvez consiga entender a necessidade, mas para o qual honestamente falho em vislumbrar utilidade, é tentado de todas as formas e por todos os meios, dos mais simples e tentativamente anónimos aos mais sofisticados, dependendo naturalmente da simplicidade ou da sofisticação de quem entende que esse mal lhe faz algum bem - aqui, embora possa conseguir criar um ranking de sofisticação, não consigo deixar de os colocar a todos no quadro de honra da estupidez.
Esse mal tentado, é por vezes sucedido. Não com a dor, vergonha, embaraço, nem qualquer outra das que julgo serem as intenções, antes com a interrogação sobre a reserva a que nos deveremos remeter em futuras ocasiões.
Que aquilo que não nos mata torna-nos mais duros.

28 setembro 2010

they just made me worse


27 agosto 2010

it's gonna be a long, long time

Burning out his fuse up here alone... and all this science I don't understand...

24 agosto 2010

something smaller from a bigger plane

It started out as a window to shout through, ended up using windows just to keep in touch.
It surely got out of hand and out of my hands and it now seems that something or someone has taken over and taken care of events.
Frames? Frames aren’t what they used to be and it surely does not fit in any of the frames known to most, anyhow.
Frames? It’s much more like planes and trains.
And automobiles. And words with 4e.

...

Sim, faz falta, agora ainda mais: fundamental, como a luz, com ou sem a cidade.
E o que provavelmente me estava na cabeça veio cá para fora, soltou-se, era altura certa, true colours, serviu do que serviu porque os receios do receio e da ausência perduram, mesmo quando é só meu.
E o azul do Negro cada vez mais perto.

19 agosto 2010

...

Faz quase tanta falta quanto a luz, tenho que estar perto dela. Ou provavelmente não faz falta alguma, é apenas algo que me está na cabeça, talvez pela magia dos tons que me encantam, ou pelo encantamento das ondas que me embalam e pela carícia das brisas que me sussurram.
As dúvidas persistem e a falta de certeza incomoda e assusta, não por não lhe saber reconhecer beleza na cor nem por não lhe apreciar a ternura do embalo, antes pelo receio da ausência e da carência. E principalmente porque tem que ser tudo só e sempre meu, sou egoísta também aqui.
O Atlântico é azul, o Pacífico também; o Índico parece verde e o Mediterrâneo púrpura.
Ao Negro estou quase para lhe ver a cor, embora aposte não que será outra que não o azul.

11 agosto 2010

awakenings

Daquela última vez que nos vimos, sorriu quando olhou para mim. Lembra-se?
Gostei de lhe ver aquele sorriso, foi importante, significou imenso. Sei que a minha visita durou talvez uns cinco segundos, já que logo de seguida fui substituído por aquela irreal (para nós) realidade obscura a que se dedica na maior parte do dia - sabe, nós ficamos um bocado chateados por desaparecer assim, sem mais, deixando-nos aqui, deste lado, sem saber o que lhe dizer, o que fazer, sem saber o que lhe faz falta... sem que lhe consigamos dizer que nos faz falta.
Porque faz: basta olhar à nossa volta. Porque não foi sequer preciso que o pilar desaparecesse, bastou ter começado a fraquejar e logo alguém decidiu arrumá-lo, escondê-lo, esquecê-lo.
Sabe? Não sabe, pois não?
E ainda bem que nem sabe - eu também preferiria não saber.

09 agosto 2010

We'll always have Paris...

07 agosto 2010

Something small from the plane

Remember it was just a window to shout through… Me shouting through it – that was the diagnose. First I only glanced through, then reached out my hands and before I realised, I jumped out of the window and I ran outside. Suddenly I saw your door was open, asking me in. But I was running and running free and I already knew that we don’t need any frames to go through to be happy and to love each other.



As if it heard my thoughts, the window spread its wings and flew away…






28th July 2010

06 agosto 2010

fabuloso

ou No tempo em que os animais falavam. Mal.

Um belo dia de um tórrido Verão, a Mula encontra a Ratazana Careca.
Fazia tempo que não se viam, decidiram matar saudades dentro de um copo - ou vários, que a Mula sempre gostou muito de beber muito, olhos vermelhos e dentição como prova.
A Ratazana, mais venenosa que astuta, logo viu uma ocasião para pegar numa deixa e contar histórias de um passado distante; pequenina e careca, cobarde e complexada, aproveita a ébria audiência para ir acrescentando pontos aos contos que julga ter para contar, servindo-se da Mula como muleta para conseguir enfunar-se naquela fantasia. Mas era evidente que a Ratazana, careca, tinha sido fortemente afectada pelos factos daquele passado com mais de uma década, qual Raposa sem uvas.
A Mula, ligeiramente mais estúpida que desonesta, viu na Ratazana, a careca, e nas fantasias desta uma muleta de sustento a acções passadas e insustentáveis; arrogante e desbocada e que escolheu claramente o papel de bêbado conhecido em detrimento de uma mais discreta figura de alcoólico anónimo, botou a boca no trombone e a letra no jornal de parede, tentando vingar-se de um acto justo e justificado de um outro animal em defesa de um terceiro, atirando pedras aos dois.

As pedras? Passaram ao lado, chamaram a atenção apenas pelo ruído causado no charco onde tombaram. Os alvos? Ficaram incólumes, é arquivo morto: a momentânea Toupeira deixou de o ser, abriu finalmente os olhos, fugiu da Cobra que a hipnotizava e voltou a ser quem nunca devia ter deixado de ser.
A Mula? Contente naquele minuto, provavelmente esqueceu no minuto seguinte, ajudada pelo escocês novo.
A Ratazana? A careca? Essa voltou para casa, onde continua a viver da esmola que por lá recolhe. E vai continuando a imaginar qual poderia ter sido o sabor das uvas...

05 agosto 2010

something rare

Smart, educated, sensitive, easy going, intelligent, good judgment... something of a bad temper - just make sure not to push it too much and... awfully good looking, too!

31 julho 2010

wheels



Well I wanted something better man
I wished for something new
And I wanted something beautiful
I wished for something true
When the wheels touch ground,
there's another round for me

28 julho 2010

through the grapevine

Small is beautiful.

27 julho 2010

Quase que não se notam diferenças...

22 julho 2010

malkowitch

No filme que é a vida de cada um de nós, deparamo-nos sucessivamente com personagens sempre novos, sempre diferentes, e embora haja uns com traços comuns e identificáveis, garantidamente que não há dois iguais, desde figuras inventadas por Fellini, outras descritos por Kafka, até personagens mais insuspeitos e possivelmente dignos de presença em novelas mexicanas. Também no meu.
Mais recentemente, se bem que o nome de Edgar Rice Burroughs tenha vindo insistentemente à memória, o lugar de co-protagonista tem sido uma fusão de alguns personagens dos contos de Tolkien - mas nem o JRR conseguiria imaginar um enredo tão intrincado num mundo por ele inventado. E nem uma letra a menos no nome parece proporcionar controlo sobre guião, que tem, para variar, vida própria.

14 julho 2010

nachtflug nach maputo

Há umas semanas cobicei um livro que alguém lia perto de mim. Tinha um título apelativo, "Nachtzug nach Lissabon": não fazia ideia de qual a história, achei graça ao título - tanta, que o recebi como prenda de despedida no dia em que viajei. E continuo sem saber de que trata.
Agora o título muda. E o céu é azul e fazem parte do caminho o azul e o céu; e o mundo está cada vez mais pequeno.
E eu continuo sem saber do que se trata.

11 julho 2010

respirar

Agora, daqui e ao longe, sei melhor de coisas que, antes e de perto, não consegui ver tão bem.
Sei que foi; que teve um início, um meio e um fim; sei que não me arrependo do início e que o fim foi demasiado longo - já quase nem me lembro do meio, de tão longo e pesado que foi o fim. E, por uma vez e ao contrário do habitual, não há culpa deste lado, este lado desta vez fez tudo bem, by the book, sem erros, sem atropelos, sem confusões; deste lado desta vez não se começou nada sem ter acabado tudo, não se ameaçou nada antes de terminar de vez.
Agora, não por ser daqui, mas porque até mesmo aqui me fizeram ver, sei onde está a culpa: onde começou, até onde foi e onde ficou.
Não que isso me traga satisfação alguma ou que me sirva de alguma coisa - a não ser saber que sei olhar com mais pragmatismo para o mundo.

06 julho 2010

out of nowhere

Out of nowhere é por vezes equivalente a out of the blue, embora neste caso seja muito mais into the deep blue. Deepest.
Out of nowhere é de onde aparecem as coisas inesperadas: não onde, mas de onde. Onde é onde voltam a aparecer.

01 julho 2010

46

Deve ser mais ou menos a esta hora que vou para outro lado.
Deste lado deixaram de existir algumas das coisas que me são necessárias e também porque continuam a existir outras com as quais não está a ser fácil conviver. Deixo para trás muito, deixo mesmo o mais importante - mas deixo com a certeza de que já não faço a falta que um dia fiz e com a convicção de que a minha ida vai também permitir a quem deixo ter mais e melhores oportunidades.
E a mim mesmo. Nem que seja porque a felicidade não tem lugar certo.

25 junho 2010

Não resisti...


23 junho 2010

memorial

Julgo existirem dois entendimentos possíveis para o "saber escrever" o primeiro para mim mais óbvio é o correcto uso da Língua na sua forma o segundo obriga à capacidade de transpor as ideias sentimentos emoções para o papel modernamente para o plasma dando lhes uma forma perceptível e os sentimentos na categoria das ideias O agora defunto Saramago claramente não cumpria o primeiro Do ponto de vista de defensor da correcção na escrita arriscaria adivinhar um jovem Saramago com sérias dificuldades em angariar uma classificação positiva nos diversos testes efectuados na disciplina de Português chamar se iam pontos escritos à época Mais diria que aquela forma de escrever longe de permitir interpretações mais livres obriga o leitor a um esforço mais aprofundado e a uma muito maior atenção conduzindo amiúde a cefaleias duradouras e esta segunda afirmação entra directamente pelo segundo critério sendo argumento para afirmar que não o cumpre No entanto tendo lido mais do que uma obra dele li sobre o convento quando nele vivi e por isso com interesse redobrado consigo reconhecer lhe uma enorme capacidade imaginativa que lhe permitiram a criação de conteúdos notavelmente cativantes muito para além da forma que critico Talvez a dar me razão nesta crítica dele a única história que em filme vi superar a versão em papel Quem me dera saber não escrever como ele

Julgo existirem dois entendimentos possíveis para o "saber escrever": o primeiro, para mim mais óbvio, é o correcto uso da Língua, na sua forma; o segundo obriga à capacidade de transpor as ideias (sentimentos, emoções) para o papel (modernamente, para o plasma), dando-lhes uma forma perceptível - e os sentimentos na categoria das ideias.
O agora defunto Saramago claramente não cumpria o primeiro. Do ponto de vista de defensor da correcção na escrita, arriscaria adivinhar um jovem Saramago com sérias dificuldades em angariar uma classificação positiva nos diversos testes efectuados na disciplina de Português - chamar-se-iam pontos escritos, à época. Mais, diria que aquela forma de escrever, longe de permitir interpretações mais livres, obriga o leitor a um esforço mais aprofundado e a uma muito maior atenção, conduzindo amiúde a cefaleias duradouras – e esta segunda afirmação entra directamente pelo segundo critério, sendo argumento para afirmar que não o cumpre.
No entanto, tendo lido mais do que uma obra dele (li sobre o convento quando nele vivi e por isso com interesse redobrado), consigo reconhecer-lhe uma enorme capacidade imaginativa que lhe permitiram a criação de conteúdos notavelmente cativantes, muito para além da forma que critico. Talvez a dar-me razão nesta crítica, dele a única história que em filme vi superar a versão em papel.
Quem me dera saber não escrever como ele.

18 junho 2010

neologismos

Retrosexual

Definition: a man who adopts a traditional masculine style in dress and manners

Example:
"Think of him as the anti-metrosexual, the opposite of that guy who emerged in the 1990s in all his pedicured, moussed-up, skinny-jeans glory. That man-boy was searching for his inner girl, it was argued. The retrosexual, however, wants to put the man back into manhood."
— Lini S. Kadaba, Philadelphia Inquirer, Apr. 7, 2010

Further Note:
Retrosexual is a word that has been used in two very different ways.
It sometimes describes an old-fashioned "manly man" – e.g. a beer and football-loving guy who cares little for his appearance.
But it has also been used, as in the example above, to describe someone who self-consciously adopts traditional masculine styles – e.g. old-fashioned manners and clothes typical of the early 1960s (think Mad Men).

Adaptado daqui.

10 junho 2010

não faz mal

Não sei que faça, não sei que diga; não sei se devo estar zangado, triste ou irritado. Talvez devesse estar feliz por sentir que posso fazer o que quero e o que me dá na gana, mas a verdade é que não estou.
Agora, que posso e que sei que tudo o que possa fazer é quase inconsequente, dadas as circunstâncias, não o faço. Nem sei porque não, mas na realidade não o faço - mesmo que me apeteça mesmo ir atrás e fazer, com aquele sorriso manhoso na cara, que não me deixa mentir sobre o que sinto ao fazê-lo. Mas não o fiz e continuo sem o fazer.
Não faz mal, não tarda estou a milhas e deixo de sentir culpa, a culpa que me tem acompanhado em todos estes anos, que não sei de onde vem e que não sei para que serve - a não ser mesmo para me fazer sentir culpado. E, a milhas, com a culpa ausente em parte incerta, poderei ser e acontecer sem que tenha que olhar por cima do ombro para verificar se efectivamente eu não estou a perseguir-me e a ajuizar-me; e, a milhas, talvez nem valha a pena olhar por cima do ombro, apenas porque ninguém vai estar lá para me ver e dar juízo.

01 junho 2010

conselho de verão

Não deixar a máquina com loiça durante 72 horas sem a ligar.

sozinho em casa

Decidi hoje que não vou ver os jogos da selecção.
É verdade que os seleccionados não jogam o que deviam, é verdade que a esperança de alcançar resultados relevantes é baixa, sendo provável que fiquemos no lugar que merecemos - afinal, estamos mal habituados, dada a dimensão do País o nosso lugar não é tão alto quanto aquele que temos conseguido.
Mas não é nada disto que me detém, gosto de ver os jogos mesmo que o resultado seja fraco.
É aquela trompa reinventada pela Galp! Já não bastava ter que aturar a vizinhança, que passou o domingo num ensaio geral, o som daquela gaita de gaita é amplificado pela televisão e resultou numa cefaleia. Não há paciência, de todo.

30 maio 2010

skimming

Parece que é aos domingos.

26 maio 2010

oye como foi


Com uma varinha de condão fabricada pela Gibson, este jovem mago de quase sessenta e três anos encantou a maior multidão que alguma vez vi ali dentro.
Se a ausência do Dave Matthews foi bem disfarçada pela banda, já a voz que substituiu a do Rob Thomas não conseguiu ser tão smooth quanto a original. Mas isto foi apenas um detalhe que em nada prejudicou as duas horas e meia de som intenso (desta vez com melhor qualidade que o habitual), sem quaisquer quebras de ritmo num excelente alinhamento. A espaços, acho que detectei alterações ao programa, com fases de improvisação não planeadas, que seguramente só contribuíram para um resultado ainda mais conseguido. Destaque para um outro mago, Dennis Chambers, que com duas varinhas mágicas Zildjian e um bombo a passo de metralhadora deixou milhares de boca aberta.
Atlântico com ondas de 10 metros!

25 maio 2010

descompressão

Estando outra vez em regime de countdown para largar o actual trabalho e para iniciar um novo percurso, tenho tempo para colocar em dia a leitura de blogs alheios, que eu não frequentava há algum tempo. Tempo ainda para conhecer alguns novos, cuja leitura me suscita reacções maioritariamente como esta; mas também muitos espaços (menos) em que dou por mim a ler interessantes conteúdos, mesmo alguns mais antigos.
Como não referi endereços no primeiro caso, não os vou mencionar agora. E nada de razões politicamente mais correctas - apenas não quero que me abandonem ao encontrar local mais legível!

19 maio 2010

E que tal ir viver para o topo do mundo?



18 maio 2010

tablog

Disse há uma imensidão de tempo que gostaria de ter um blog que fosse lido e apreciado por mais que aqueles poucos que vão tendo paciência para me ler.
Hoje, como em alguns outros dias, fui espreitar alguns outros escritos, de outros estilos e com outras intenções. Meramente por acaso, olhei para o contador de visitas de um daqueles pelos quais tendo a passar rapidamente, sem olhar, dada a falta de interesse (para mim, claro) do conteúdo - em rigor, dada a falta de conteúdo; e essa curiosidade desvendou um número inesperadamente alto. Escandalosamente alto, diria até.
Hoje, sem prejuízo à apreciação que fiz e continuo a fazer sobre a qualidade do que alguns bloggers escrevem nem à popularidade que tal qualidade granjeia aos respectivos espaços, tomo consciência que a qualidade do que se escreve, tema e forma, não é condição necessária nem suficiente para a garantia dessa popularidade. Bem pelo contrário.
Pensando alguns segundos no assunto, concluo que o meu espanto não tem qualquer justificação, já que na blogosfera navegam todos aqueles que vêem TVIs e lêem Correios da Manhã e afins, e estes e os respectivos conteúdos, extrapolando tiragens e share, são representativos da maioria da população leitora (relativamente a esta, poderia tê-la designado por "população de leitores", mas julgo mesmo tratar-se mais de uma constituída maioritariamente por "escritoras" - quem tenha acesso a estatísticas nesta matéria que me corrija ou confirme: talvez possa estar nesta pequena diferença o segredo da coisa).
Baseado mais na sensibilidade que no racional que os dados poderiam permitir, baseado na quantidade de fotografias de sapatos e vestidos que vejo, no compartilhar de pretensas viagens fantásticas, fico com a ideia de que, aqui, popular continua a querer dizer popular, foleiro continua a significar foleiro e fútil e inútil mantêm igualmente o sentido. E que as revistas maria, mulher moderna, e as demais, tal como muitos tablóides, existem numa suposta versão digital caseira, e que vendem. Muito.
O que eu disse há essa imensidão de tempo? Não façam caso: prefiro escrever para poucos e interessantes. Ou mesmo só para mim.

17 maio 2010

santana


Já a pensar na próxima semana, dei por mim a procurar uma imagem. Encontrei esta, da qual nem me recordava.

E nem poderia vir mais a propósito!

14 maio 2010

please remain seated

11 maio 2010

next year?

05 maio 2010

ocasião

Vendo: VW Golf Variant, 2002, A/C, alarme e tal; menos quilómetros que os anos fariam antever;
Vendo: KTM 950 SM, 2006, ventilação automática; roubada só uma vez;
Ofereço: posto de trabalho; ordenado algo acima do mínimo; muita chatice e horário longo;
Pago: a quem fique com ex-mulher e processos judiciais anexos; custo de manutenção elevado.

Favor contactar a partir das 20h.

04 maio 2010

skimming

Domingo liguei.
Era uma obrigação que tinha para cumprir e, afinal, também me compete contribuir para o apaziguamento e tentar a reaproximação.
E liguei. E atendeu-me um gravador, ao qual confiei aliviado a minha mensagem.
Passaram talvez duas horas e a chamada foi devolvida, o cordial agradecimento pela intenção, a intenção cordial de prosseguir com a reaproximação, a sugestão de um novo encontro a matar as… saudades que o tempo cravou nas respectivas almas. Supostamente.
E pronto, obrigação cumprida, sugestão aceite, tinha sido um bom passo no sentido da tal reaproximação que também a mim competia – nem sei bem porquê, afinal não fui eu quem promoveu inicialmente o afastamento, limitei-me a reagir pacifica e quase passivamente. Mas o caminho estava traçado e agora poderíamos avançar, com cuidado, é certo, mas estava aberto o caminho. Supostamente.
Durou menos de 24 horas.
Demorei menos que um dia a descobrir que, nas minhas costas, tudo tinha continuado na mesma, no mesmo tom de desrespeito, na mesma senda de desafio; demorei apenas horas a saber que o desafio e a tentativa de usurpação continuam, com os aliados de ocasião e de conveniência que se lhe juntaram. Supostamente.
Sem surpresas: eu já tinha podido ver as costas de outros.
Afinal, a surpresa tinha sido mesmo domingueira, com as sugestões e as demonstrações de intenção a servirem de cortina de fumo, respostas que seguramente se procuram para poderem ser acumuladas para memória futura, em jeito de construção de capital de queixa. Afinal, normal era mesmo o que nem sequer volvidas vinte horas viria a descobrir – ou melhor, a poder confirmar: o estilo dissimulado, a necessidade de demonstração de poder, vinda de quem nem sequer a capacidade moral detém, quanto mais a formal.
E agora? Agora, nada de novo - ou antes, talvez algo de novo, já que procuram conquistar Roma: fingir fazer como os romanos.
E ficar com certeza que só se estragou uma família.

29 abril 2010

no pillion

23 abril 2010

o átomo a mais que se animou

Sei que não tens culpa – ou antes, sei que alguma hás-de ter, todos temos pecado dentro de nós que deixamos sair a espaços.
Sei que te tenho culpado por coisas que são humanas, por actos banais, por gestos e palavras que tens e tens muito bem. E sei que tenho olhado pouco para mim, que sou também humano nos mesmos actos e nos meus erros, que digo palavras e faço gestos, se não iguais, pelo menos parecidos com os teus, mesmo que diferentes dos teus.
Sei que te tenho exigido coisas que talvez nem sejam exigíveis, afinal somos humanos e humano é errar e ficar aquém da perfeição; e que tenho tido a presunção, a errada presunção, de que erro menos e que estou mais perto dessa perfeição, digo-te que te quero mais igual a mim nessa pretensa perfeição. Sim, eu, que me farto de te dizer que não queiras que eu seja mais igual a ti, porque eu sou mesmo só igual a mim mesmo – e até digo que gosto de ser igual a mim mesmo e que quero continuar a ser. E não tenho o direito.
Podias fazer melhor? Podias, claro, é sempre possível fazer melhor, também eu podia e tantas vezes não faço, ou por não ter visto, ou por não ter pensado melhor, ou por ter pensado mais em mim que em ti; quando, na verdade, talvez tu não pudesses ter feito tão melhor quanto isso, tu que tentas e até fazes tão melhor que a maioria. E, por mais que eu te culpe, não tens culpa de ser como és e de sentir como sentes e de dizer como dizes e de sofrer como sofres – porque eu até sei que sofres.
E depois, no meio das exigências e das culpas, no meio dos ciúmes e das acusações, por entre palavras mal ditas e outras mal ouvidas, chegámos onde estamos e não sabemos sair de onde estamos – até talvez por nem sabermos exactamente onde estamos. Sabemos apenas que queremos sair daqui, mesmo sem sabermos onde fica o ali para onde queremos ir, sem sabermos se nesse ali nos vamos encontrar, se vamos para lá sozinhos ou acompanhados, até porque não sabemos se esse ali fica aqui ao lado, se do outro lado do mundo, se precisamos de passar nuvens de cinza para lá chegar. E depois, no meio de exigências de perfeição, de culpas atribuídas a quem tem apenas culpa de ser pessoa e de agir como tal, imperfeita e atraente, após acusações e invenções, estamos aqui, a saber que queremos sair daqui e a teimar em não sair daqui, porque ao menos aqui tu estás, ao menos aqui eu estou, mesmo que doa ter o medo diário que tu já não estejas, mesmo que assuste ter o receio eterno que eu já tenha deixado de estar.
Este aqui, este estar sem estar, este dever sem ter, este ter sem dever, este aqui é lugar nenhum, é buraco sem fundo onde se cai e de onde se torna difícil sair; neste aqui não podemos mais estar, não podemos mais ficar, é um aqui no qual temos que evitar cair. Mesmo sem saber para onde, deste aqui, qual cântico negro, deste aqui temos que urgentemente fugir.

16 abril 2010

and in the end?

There's nothing new...

25 março 2010

viver no campo

Quando não acordo com as galinhas que quase me rodeiam, são elas que me acordam; por outro lado, eu, as galinhas que tenho por vizinhas (falo daquelas que têm mesmo penas e põem ovos), os patos que as acompanham e quiçá os silenciosos coelhos que com eles convivem, estamos todos rodeados por prédios. Tudo isto a menos de 20 minutos do Marquês.
Sei que não basta analisar a fauna ou a distância ao centro da capital para que possa ser afirmado que se vive no campo, cidade ou subúrbio: no local que refiro, são tantas as variáveis e as aparentes contradições que qualquer classificação facilmente pode ser contestada.
Seja como for, uma característica o torna parecido com um qualquer lugarejo da província (expressão em desuso, verdade, mas a que melhor expressa o conceito), corroborando, nem que seja apenas por isso, o título desta inutilidade que escrevo. Essa característica é o surpreendente conhecimento que muitos têm sobre a vida alheia - a minha e a de quem me rodeia, no caso - e a forma verdadeiramente informada como afirmações se produzem. E compartilham.
Desse modo, sem que eu faça o que seja por isso, informações do género "sabes quem esteve a beber café" e parecidas com "nem imagina quem esteve no outro dia em frente a sua casa" chegam-me com toda a naturalidade. E como o saber não ocupa lugar...





nota: o título surgiu-me da série televisiva com o mesmo nome que eu via algures no início dos anos 70, quando a nossa TV tinha dois canais a duas cores. Da série, Green Acres no original, recordo-me que a história girava em redor de um casal da cidade (Nova Iorque, presumo) que se mudava para o campo, da loira Eva Gabor e do velho tractor do genérico.

24 março 2010

twice shy

Não julgo. Longe de ser insensível ou indiferente ao que se passa à minha volta, mais ou menos perto de mim, analiso inevitavelmente tais acontecimentos; e sobre esses não me compete exercer a censura, pelo que reservo geralmente para mim quaisquer conclusões que deles retire. E essas quaisquer conclusões estão longe de ser um veredicto "bom", ou "mau", pois prefiro designar apenas por características aquilo que é vulgarmente classificado como defeito ou virtude. Até porque, amiúde, esses veredictos são sobre nós mesmos, já que fomos tantas vezes cúmplices desses acontecimentos, seja por participação, por conivência, ou condescendência.

Habituado a que se confunda permissividade com indiferença, tolerância com submissão, respeito com deferência, memória com saudade e até indulgência com neglicência, todos eles quase sinónimos com suaves mas importantes nuances entre si, não me espantaria que, desta vez e uma vez mais, tais conceitos fossem misturados.

E não, nem assim ficaria perto de me zangar com quem faz tais confusões. Preferiria apenas que fosse de outro modo: tudo seria mais simples.

22 março 2010

surdos

Nunca cheguei a perceber qual das partes padecia da crónica falta de audição, ou se ambas; nem sequer se foi essa a doença que os fez sucumbir. Mas foi uma das causas centrais e seguramente a mais visível para uma morte que se fez anunciar ao longo de semanas, dolorosas semanas, em que por mais que gritassem de dor não se conseguiam fazer ouvir. Aliás, conseguiam, a espaços, sempre que o tom de voz baixava (e com ele as guardas), e nesses raros momentos a harmonia que tinham em tempos conhecido voltava a ser uma realidade.

Mas não bastavam, esses raros momentos, e até nessas ocasiões faltava sempre algo mais: provas, confiança, palavras; silêncio, tranquilidade, serenidade. E talvez até um rumo comum - ou uma velocidade igual para chegar a um objectivo, que pôde até ter sido comum, mas que teimou em não o parecer.

17 março 2010

domingo

O Sol impulsionou-me até uma praia na região oeste para um almoço na esplanada.
Mais habituado à utilização de auto-estradas e vias rápidas, para além das agora não tão longas filas suburbanas, impacientei-me com aquele Opel Astra de 2001, irrepreensivelmente limpo e com 17 mil quilómetros reais desde que comprado novo – e a pronto pagamento. Pilotado pelo Sr. Antunes, que se fazia acompanhar pela esposa, a D. Odete, ele de fato e gravata e ela exibindo um impressionante arsenal de jóias, que ainda que de questionável gosto, de indubitável autenticidade, mantinha uma estonteante velocidade de 72 km/h, prudentemente reduzida aos 54 km/h sempre que a menos de seiscentos metros de uma daquelas apertadíssimas curvas – acredito agora naquelas conversas que oiço a espaços em que “o meu Astra faz menos de 6 litros aos 100” e em que “faço todas as revisões na marca” – claro, as duas até agora necessárias.
Sem que tenham sido assim tantos os quilómetros percorridos nestas condições, a verdade é que ultrapassei esta mesma viatura um sem número de vezes, sendo que era umas vezes ocupada pelo Sr. Fernandes e pela D. Graciete, outras pelo Sr. Sequeira e pela D. Arlete – sim, devo ter algum fetiche com todos os nomes acabados em “…ete”, possivelmente uma mulher com esse nome ter-me-á traumatizado algures na minha longínqua infância.
Na realidade, a existência de qualquer um destes condutores não constitui qualquer novidade para mim, seguramente que já me cruzei no passado com eles nalguma estrada deste país. No entanto, falhei em constatar que estes Srs. estão a envelhecer e que os filhos deles cresceram: estão a chegar perto dos 30 e já se casaram. E eu encontrei-os: passeavam no paredão abaixo da esplanada onde almocei, felizes com o novo pincher, mais pequeno que o enrolador da trela. A Tânia, que não cabia em si de contente (nem nas calças de fato de treino, para ser honesto), o Telmo, que mesmo tendo uma pochete preferia segurar o i-phone na mão, juntamente com a chave do carro (não, não vi a marca do carro, mas adivinho um Ibiza).
De regresso a casa e mais uma dúzia de ultrapassagens a outros tantos Srs. Antunes, valeu o almoço, a companhia e um Sporting renascido, qual fénix tardia e inútil.
E eu queixo-me? Devia estar era calado. Get a life!

(as marcas dos carros e os restantes proprietários que me perdoem, quer a publicidade, quer as associações)

19 fevereiro 2010

it´s amazing how much you can see in the dark‏

Sem que sejam meras coincidências, as que digo e as que faço nem sempre são coincidentes.
Por mais que eu aconselhe que não deixem que as de um qualquer asinino lhes chegue, dei por mim a trocar algum do meu escasso e precioso tempo de descanso pela análise de um conjunto de frases ouvidas de bocas terceiras – ou quartas. Mesmo retirando-lhes os pontos que lhes foram acrescentados, reconheço que o intuito do autor das palavras foi cumprido, pois chegaram efectiva e finalmente ao destino e tiveram pelo menos algum do efeito desejado. Digo algum, pois não tão velho quanto isso mas ainda assim muar por escolha, já não são só duas as cantigas que me embalam: antes pelo contrário, despertam-me para uma inútil meditação, que resulta numa quase útil tomada de consciência de determinados porquês – sobre o que serve, sobre quem se serve e sobre quem quer servir.
A verdade? Sei que não existe e sei que nunca a saberei, por mais que ma contem. Por tudo isto, sem qualquer desprezo, ou menosprezo sequer, prefiro seguir o meu próprio conselho e manter-me no escuro – até porque essa tonalidade é sempre bem mais honesta que as promessas cor-de-rosa vindas lá de fora.