04 setembro 2006

frangos

Esbarro com todo o tipo de pessoas.
Sem ser selectivo, prezo-me por me dar bem com todos, mais com uns que com outros, naturalmente; mas tento não discriminar, seja por que motivo for. Raros serão os que não consigo suportar, já que a única característica que tipicamente não admito é a estupidez, que, ao contrário da ignorância e a ausência de cultura, é característica voluntária, opção pessoal.
Recentemente deparei-me com um caso totalmente novo, na minha experiência de já algumas décadas – cada vez mais décadas. De facto, e até determinado ponto, algumas das características demonstradas deveriam ser motivo de inveja para muitos e servir de exemplo terapêutico para outros tantos: a quantidade de auto-estima revelada permite demonstrar que existem egos indestrutíveis, que se auto alimentam, não necessitando sequer de estímulos externos para obter motivação.
Não terei eventualmente capacidade para o classificar, cai integralmente fora dos padrões a que me fui habituando. Na verdade, poderia remeter este conhecimento recente para o grupo dos restantes e raros estúpidos registados na minha agenda: esta classificação revelar-se-ia, porém, não incorrecta, mas insuficiente, tal o carácter único das características demonstradas.
Passará, claro está, a constar não da lista negra, mas da amarela, cor condicente com o sorriso que a lembrança de tal personagem origina. Passará igualmente a constituir uma adição ao repertório de anedotas com que brindo os convivas dos jantares mais animados, dentro do tema mais vasto da imbecilidade humana, revestida, neste caso, de uma espessa camada de presunção e vaidade: ninguém é absolutamente inútil.