09 maio 2007

espelhos

Diz a sabedoria popular que conseguimos ver-nos nas costas dos outros. Tendo a concordar.
O que me traz ao teclado, apesar de estreitamente relacionado, é de cariz diferente e fruto de uma meditação subsequente a uma conversa recente com alguém que apenas designarei por pessoa de eleva estatura – elevada para mim, claro, que sou baixo e gordo.

Sem tentar reproduzir de algum modo a dita conversa, há que fazer um preâmbulo de modo a enquadrar melhor a questão.

Considero-me atento, em tudo, particularmente nas conversas que mantenho: tento ouvir para além das palavras, ler para além das linhas, tentar encontrar a causa das palavras ditas e das subentendidas, é uma espécie de jogo que faço comigo mesmo, em que raramente envolvo a outra parte, já que nem sempre essa outra parte estará preparada para a intromissão que este modo de estar representa. Julgo ser medianamente sucedido nesta análise, já que aparentemente consigo, nalgumas circunstâncias, perceber, chegar comprovadamente à essência de quem comigo vai compartilhando ideias e pensamentos.
Enquadramento feito.

Constituiu novidade quase absoluta estar na outra pele: páginas tantas (e tantas páginas), reparei que estavam do outro lado da conversa a conseguir olhar para a tal essência, a ver coisas que estão por cá e que passam frequentemente despercebidas, uma sensação de nudez que provocou um desconforto momentâneo.
Passado esse momento, restou um bem-estar: afinal, era uma pessoa normal quem estava a olhar para mim.

3 comentários:

V. disse...

Essa sensação de nudez é mais que desconfortável. Felizmente, no teu caso, era uma pessoa "normal" - o que quer que "normal" signifique para ti.

ThunderDrum disse...

Gosto de analizar, mas o ser analizado arrepia-me, mas tenho q ser democratico e sujeitar-me a isso...

N me costumo enganr mto, embora seja mto cauteloso, por vezes demais até...

Anónimo disse...

A nudez é um momento mágico, se acompanhada da descoberta de afinidades. Potencia amizades.

i.