16 março 2009

over capricorn

Virtude de alguma alergia a transportes públicos, resisti durante algum muito tempo a aceitar o convite de um amigo, motorista de empresa pública dedicada ao transporte de pessoas, para uma boleia graciosa. Claro que as muitas horas a passar no veículo motivavam a persistência da recusa, mas a maior insistência no convite acabou por prevalecer.

Uma vez aceite, foi necessária uma sexta-feira de ausência no trabalho para tal deslocação. Asas para que te quero, não tinham passado nove horas sem que as asas do Niemeyer se pudessem vislumbrar lá do alto. Calor seco, betão sem tinta, alcatrão sem remendos, alguma estrada para fazer, convite para 2 jantares, o primeiro na asa norte, o segundo para lá da asa norte, do outro lado da água. Quedei-me pelo primeiro, quase tanta conversa quanto vinho tinto, a língua era comum, os sabores de idioma castelhano mas sotaque bem meridional, manteve-se o latim quando a cor da bebida clareou. O que não deixámos clarear totalmente foi o céu, que era tarde e dormir faz sempre parte dos planos de um qualquer fim de semana - mesmo de um menos normal.
Umas três horas de sono e outras tantas de Sol bastavam para recuperar algumas das forças e avermelhar partes habitualmente menos expostas, enquanto a hora de almoço se avizinhava e o feijão era confeccionado. Da da cana de açúcar produzem-se combustíveis biológicos, de odor quase enjoativo quando queimado; curiosamente, torna-se menos enjoativo quando a um outro derivado se adiciona o próprio e fruta. Embora as capacidades energéticas da resultante permaneçam teoricamente quase inalteradas, é necessária alguma energia adicional para conseguir manter o ritmo para o jantar, onde se regressava ao tinto lusitano, em jeito de balanço para um bar aberto (o clima a tal obrigava) num tal de AABB.
O dia dito do senhor começava cedo com o ponto mais alto da visita, vista e tal, em antecipação a novo repasto, desta vez em ambiente jovial - em estrangeiro acho que se diria mesmo gay.

Destino ao terminal dos transportes públicos, banco reclinado e dormir até casa. Um fim de semana sem gastar um avo de euro.
Só fiquei meio chateado por não me terem deixado guiar aquela coisa...

2 comentários:

V. disse...

Dada a aversão a transportes públicos porque não tirar a cartita? Resolvias dois problemas: o da deslocação junto das massas e o de não te terem deixado guiar tal coisa.

E não há cá desculpas.. sonhar é viver, não interessa o tamanho do bicho. Tu tens mãozinhas. E saúde também arranjas ;)

eu... disse...

Sorte é o que é...