Quando num dia como aquele, em que vamos fazer uma viagem destas e encetar uma etapa como esta, parece-me que resumir num sms “que tenhas um bom dia, faz boa viagem e que tudo te corra bem por lá” é motivo suficiente para desistir.
Foi o que fiz. Com maior sucesso do que desistir do tabaco.
Passaram-se meses até que rumei de volta para matar saudades daqueles de quem mais gosto. E, mesmo passados todos estes meses e apesar de todos esses meses depois da minha decisão, apesar da minha decisão, estive todos os dias tentado a restabelecer o contacto, a falar, a dizer “estou cá” para poder abraçar aqueles que, consta no BI, são os que me são mais próximos.
Uma vez “cá”, os dias passavam e eu hesitava, até perceber que, mais do que abraçar, o que eu queria era mesmo era que me abraçassem – mais uma vez, era só isso que eu queria. E percebi que não valia a pena, que esse abraço, por mais que eu peça, por mais que eu fuja, por mais que eu me lamente, por mais que eu sofra, aquele abraço não iria chegar. Não chegou há um ano, quando fui a correr quando me chamaram, quando tinham pressa para despachar a conversa; não chegou há dez anos, quando daquele processo destrutivo e doloroso, em que era mais importante preservar a imagem junto da empregada; não chegou ainda há mais tempo, porque não era preciso, porque “um homem não chora”.
Aquele abraço não iria chegar.
Foi o que fiz, desistir.
Porque não basta que eu queira, não basta que eu precise, não basta que eu peça: é preciso que do outro lado me queiram, é preciso que do outro lado entendam que eu preciso. Seria até bom que do outro lado precisassem, mas parece que não, estão bem assim, muito obrigado, são menos telefonemas que se fazem, basta um sms, basta esquecer, afinal há mais, daqueles que precisam, daqueles que fazem por precisar. Ou por um par de tostões.
Do outro lado, desistiram.
Por isso, foi o que fiz, até com maior sucesso do que com a desistência do tabaco.
E ao menos esse diz explicitamente no maço que faz mal. Não tem a obrigação de gostar de mim.