12 março 2008

205 anos

Estava ali mesmo... Via-a quase todos os anos e nunca era capaz de a cumprimentar...
Decidi que era naquele dia, não iria deixar passar mais uma oportunidade: afinal, a fase dos 16 já tinha passado há séculos e devia agora ser bem mais corajoso que isso e os tais 50% estatísticos estão sempre garantidos.
- Olá... És tu, não és? - disse, ensaiando a entoação mais desinteressada que consegui...
- :-) Sou!
"Então, que tal, que é feito, tanto tempo, os filhos, os sobrinhos, os irmãos...", ponto de situação quase feito, ponto morto da conversa quase atingido, fugiam-me as palavras, as que quase nunca me faltam, fase de silêncio, não fora o forte ruído de fundo que tinha origem na multidão.
- Dás-me o teu telefone?
(eu, mantendo o tal ar quase desinteressado, contendo um sorriso de alegria...)
- Pode ser... dá-me o teu, eu dou-te um toque e ficas com o meu... - Percebi então para onde me tinham fugido as palavras: tinham-me sido roubadas.

Num passado agora remoto tinha nascido qualquer coisa, nunca concretizada; uma coisa surda, nunca confessada, que podia agora tomar forma: porque o passado é a melhor base para construir futuro.
Obrigado pela coragem.

4 comentários:

Anónimo disse...

Fear not ... or should I say, never fear when something, that makes you feel good, has knocked on your door.

Subtle Bluntness

wednesday disse...

É tão bom quando o tempo nos mostra realmente que é nosso conselheiro... Ainda bem que houve essa coragem!

MiSs Detective disse...

eh lahhhhh
o tempo é uma benção!

Matrix disse...

Cai de Costas... estava a ler os teus artigos do passado... é impressão minha mas estes sapatos encontrados a 12 de Março deviam ser tipo 43??? não????
ACAT