25 março 2008

umbigo

De repente, tem-se vida. Passa-se de um monótono nada para um apressado quase tudo (sorrindo apenas e fazendo quase nada...), perde-se o tempo para ler as notícias e os ecrãs habituais, deixam-se passar novidades e, quando se tenta reler e recuperar a actualidade depois de semanas de clausura egoísta, perderam-se os fios das meadas que costumávamos conhecer.

Para já, tenho a leve impressão de que existe uma escrita que tenho que colocar em dia, questões de demografia que quero esclarecer. E, caso esteja certo, congratular e celebrar.

viagens na minha terra

...ou, para ser mais correcto, viagens à terra dos outros.

Fiz-me à estrada.
Foram quilómetros e mais quilómetros, as primeiras cinco centenas ao Sol. Visitei lugares para mim desconhecidos, que são os lugares de outros; reconheci famílias que eram só uma, quando conheci da primeira vez; encontrei paisagens enormes, que estavam perdidas no meio dos montes e para trás deles; conheci uma paz e um sossego que me faziam falta e que me fizeram bem. Encontrei sorrisos perdidos no tempo, promessas de futuro tranquilo num passado nervoso e inseguro.
Deixando os vales e em direcção à planície, ao encontro de mais passado e ao riso despreocupado que nem a idade nem o tempo desfizeram.
Sem compromisso e com a promessa de mais. Muito mais...

17 março 2008

publicidade enganosa

Baixar as expectativas do "cliente", anunciando o produto com especificações inferiores àquelas que ele efectivamente tem; exagerar deliberadamente os defeitos, de modo a que, uma vez experimentado, este possa superar mesmo as mais pessimistas antevisões; alertar a todo o instante o utilizador para os fracos atributos e para as limitações de performance.
Funciona. Sempre.

14 março 2008

Experience is simply the name we give our mistakes.

Oscar Wilde

12 março 2008

205 anos

Estava ali mesmo... Via-a quase todos os anos e nunca era capaz de a cumprimentar...
Decidi que era naquele dia, não iria deixar passar mais uma oportunidade: afinal, a fase dos 16 já tinha passado há séculos e devia agora ser bem mais corajoso que isso e os tais 50% estatísticos estão sempre garantidos.
- Olá... És tu, não és? - disse, ensaiando a entoação mais desinteressada que consegui...
- :-) Sou!
"Então, que tal, que é feito, tanto tempo, os filhos, os sobrinhos, os irmãos...", ponto de situação quase feito, ponto morto da conversa quase atingido, fugiam-me as palavras, as que quase nunca me faltam, fase de silêncio, não fora o forte ruído de fundo que tinha origem na multidão.
- Dás-me o teu telefone?
(eu, mantendo o tal ar quase desinteressado, contendo um sorriso de alegria...)
- Pode ser... dá-me o teu, eu dou-te um toque e ficas com o meu... - Percebi então para onde me tinham fugido as palavras: tinham-me sido roubadas.

Num passado agora remoto tinha nascido qualquer coisa, nunca concretizada; uma coisa surda, nunca confessada, que podia agora tomar forma: porque o passado é a melhor base para construir futuro.
Obrigado pela coragem.

diz o sábio povo:

Quem espera sempre alcança.

Talvez quem muito esperou alcance ainda mais longe. Quer parecer-me que sim.


06 março 2008

7 x 4 ?

Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela.
Mas não servia ao pai, servia a ela,
que a ela só por prémio pretendia.

Os dias na esperança de um só dia
passava, contentando-se com vê-la.
Porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe deu a Lia

Vendo o triste pastor que com enganos
lhe fora assim negada a sua pastora
como se a não tivera merecida.

Começa de servir outros sete anos
dizendo: “Mais servira se não fora
para tão longo amor tão curta a vida!”

01 março 2008

traços X + XI




















Obrigado RAM