schwabentalk
- Sim, em Portugal há imensos milagres.
- Há?
- Claro.
- Por exemplo?
- Eu!
- Ah, pois, és mesmo um milagre.
- Eu sou um milagre.
- Sentiste à nascença que eras um milagre?
- Ser como sou, vindo do meio de onde sou originário, é um verdadeiro milagre.
- Mas porquê?
- Caso tivesse seguido um percurso normal, teria sido um enfadonho engenheiro civil, daqueles que odeiam obras, teria talvez casado com a filha de um médico ou com uma hipotética Susana, filha de um coronel de artilharia. Teria trabalhado sempre na mesma empresa, sido cumpridor das normas e das regras sociais, sem chocar… Hoje em dia, conduziria um monovolume cinza metalizado, onde faria deslocar os meus filhos: Paulo, o mais velho fanático por computadores, um verdadeiro nerd; a Mariana, a do meio, infelizmente igualzinha à mãe, com verniz nas unhas aos 12 anos e sem outro assunto que não moda; o mais novo, o Alexandre, que me mói o juízo e a carteira com a porcaria das aulas de equitação, por influência da parva da mãe, que acha que é in montar aqueles animais perigosos e de odor desagradável.
- Porque é que escolheste esses nomes?
- Não fui eu quem os escolheu – ou achas que teria direito a voto, lá em casa, numa casa destas? Claro que estou a imaginar e a divagar. Mas vou usar esta nossa conversa e publicá-la.
- Ainda bem que és diferente, porque se tivesses uma vida assim, não estarias aqui na net a falar com estrangeiras, nem poderias embebedar-te com alemãs ou com suíças com um cão.
- Vou aproveitar também este teu comentário.
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