19 março 2013


Aquele olhar duro e severo intimidava-me.
Aquele olhar, que talvez passados todos estes anos eu entenda sem efectivamente compreender, manteve-me distante, receoso de falar, de pensar, de decidir. Até de ser…
Já num tempo para cá do tempo eu que eu deixara de crescer, aquele olhar amoleceu e deixou que a distância encurtasse. Consegui então olhar para aquele olhar de frente e de modo diferente, mais próximo e condescendente, mais respeitoso que autoritário, mais orgulhoso que exigente. Ainda que sempre severo.
Tenho saudades daquele olhar duro e severo; mas não menos daquele olhar por fim carinhoso, quase infantil e assustado com que acabou por se retirar.

1 comentário:

Margarida disse...

Senti o mesmo, já perto do fim. A nossa maturidade e a fragilidade do outro lado faz-nos aproximar, nivelar, perdoar, entender, amar, enfim. A isto chama-se crescer.