Aquele olhar duro e severo intimidava-me.
Aquele olhar, que talvez passados todos estes anos eu
entenda sem efectivamente compreender, manteve-me distante, receoso de falar,
de pensar, de decidir. Até de ser…
Já num tempo para cá do tempo eu que eu deixara de crescer,
aquele olhar amoleceu e deixou que a distância encurtasse. Consegui então olhar
para aquele olhar de frente e de modo diferente, mais próximo e condescendente,
mais respeitoso que autoritário, mais orgulhoso que exigente. Ainda que sempre
severo.
Tenho saudades daquele olhar duro e severo; mas não menos
daquele olhar por fim carinhoso, quase infantil e assustado com que acabou por
se retirar.
1 comentário:
Senti o mesmo, já perto do fim. A nossa maturidade e a fragilidade do outro lado faz-nos aproximar, nivelar, perdoar, entender, amar, enfim. A isto chama-se crescer.
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