18 maio 2010

tablog

Disse há uma imensidão de tempo que gostaria de ter um blog que fosse lido e apreciado por mais que aqueles poucos que vão tendo paciência para me ler.
Hoje, como em alguns outros dias, fui espreitar alguns outros escritos, de outros estilos e com outras intenções. Meramente por acaso, olhei para o contador de visitas de um daqueles pelos quais tendo a passar rapidamente, sem olhar, dada a falta de interesse (para mim, claro) do conteúdo - em rigor, dada a falta de conteúdo; e essa curiosidade desvendou um número inesperadamente alto. Escandalosamente alto, diria até.
Hoje, sem prejuízo à apreciação que fiz e continuo a fazer sobre a qualidade do que alguns bloggers escrevem nem à popularidade que tal qualidade granjeia aos respectivos espaços, tomo consciência que a qualidade do que se escreve, tema e forma, não é condição necessária nem suficiente para a garantia dessa popularidade. Bem pelo contrário.
Pensando alguns segundos no assunto, concluo que o meu espanto não tem qualquer justificação, já que na blogosfera navegam todos aqueles que vêem TVIs e lêem Correios da Manhã e afins, e estes e os respectivos conteúdos, extrapolando tiragens e share, são representativos da maioria da população leitora (relativamente a esta, poderia tê-la designado por "população de leitores", mas julgo mesmo tratar-se mais de uma constituída maioritariamente por "escritoras" - quem tenha acesso a estatísticas nesta matéria que me corrija ou confirme: talvez possa estar nesta pequena diferença o segredo da coisa).
Baseado mais na sensibilidade que no racional que os dados poderiam permitir, baseado na quantidade de fotografias de sapatos e vestidos que vejo, no compartilhar de pretensas viagens fantásticas, fico com a ideia de que, aqui, popular continua a querer dizer popular, foleiro continua a significar foleiro e fútil e inútil mantêm igualmente o sentido. E que as revistas maria, mulher moderna, e as demais, tal como muitos tablóides, existem numa suposta versão digital caseira, e que vendem. Muito.
O que eu disse há essa imensidão de tempo? Não façam caso: prefiro escrever para poucos e interessantes. Ou mesmo só para mim.

7 comentários:

Cookie disse...

Sendo a blogosfera um espaço democrático, cada um escreve sobre aquilo que lhe apetece. E aí é que está a piada, não achas?

Nothing to say disse...

Gostei.

"prefiro escrever para poucos e interessantes. Ou mesmo só para mim."

cai de costas disse...

Ana Bolacha, claro que sim, o espaço é democrático e há lugar para tudo e todos. E é essa mesma democracia que me permite a crítica, dizendo do que gosto e do que gosto menos.

Insert Name Here disse...

ehehe :) há mesmo muita coisa de pouco interesse por aí :)

Anónimo disse...

Às vezes, escrevermos para nós mesmos, pode ser como que uma terapia, como uma forma de nos escaparmos de tudo o que nos rodeia e com o qual menos nos identificamos. Gostei do teu blog.
Cumprimentos

Helena Rodrigues disse...

Interessante isso. Acho que nesse espacinho mínimo, certas pessoas acabam compartilhando algumas idéias tão geniais... afinal, nem tudo o que se escreve, se diz.
Eu, como boa seguidora de alguns blogs, tenho que confessar que me divirto. Se algo me desagrada, simplesmente vou embora e não volto mais.
Por hora, ficarei por aqui, algum problema? ;)
Bjão!

mazé oliveira disse...

Gostei do seu texto. Concordo com ele em gênero, número e grau, uma vez que já tive essa mesma preocupação. Hoje escrevo para os poucos amigos e admiradores. Um abraço!