Domingo liguei.
Era uma obrigação que tinha para cumprir e, afinal, também me compete contribuir para o apaziguamento e tentar a reaproximação.
E liguei. E atendeu-me um gravador, ao qual confiei aliviado a minha mensagem.
Passaram talvez duas horas e a chamada foi devolvida, o cordial agradecimento pela intenção, a intenção cordial de prosseguir com a reaproximação, a sugestão de um novo encontro a matar as… saudades que o tempo cravou nas respectivas almas. Supostamente.
E pronto, obrigação cumprida, sugestão aceite, tinha sido um bom passo no sentido da tal reaproximação que também a mim competia – nem sei bem porquê, afinal não fui eu quem promoveu inicialmente o afastamento, limitei-me a reagir pacifica e quase passivamente. Mas o caminho estava traçado e agora poderíamos avançar, com cuidado, é certo, mas estava aberto o caminho. Supostamente.
Durou menos de 24 horas.
Demorei menos que um dia a descobrir que, nas minhas costas, tudo tinha continuado na mesma, no mesmo tom de desrespeito, na mesma senda de desafio; demorei apenas horas a saber que o desafio e a tentativa de usurpação continuam, com os aliados de ocasião e de conveniência que se lhe juntaram. Supostamente.
Sem surpresas: eu já tinha podido ver as costas de outros.
Afinal, a surpresa tinha sido mesmo domingueira, com as sugestões e as demonstrações de intenção a servirem de cortina de fumo, respostas que seguramente se procuram para poderem ser acumuladas para memória futura, em jeito de construção de capital de queixa. Afinal, normal era mesmo o que nem sequer volvidas vinte horas viria a descobrir – ou melhor, a poder confirmar: o estilo dissimulado, a necessidade de demonstração de poder, vinda de quem nem sequer a capacidade moral detém, quanto mais a formal.
E agora? Agora, nada de novo - ou antes, talvez algo de novo, já que procuram conquistar Roma: fingir fazer como os romanos.
E ficar com certeza que só se estragou uma família.